Após nova crítica de Lula, grupos israelitas dizem que presidente alimenta antissemitismo
Conib e Federação Israelita de SP repudiam declarações do petista sobre guerra e veem risco para a comunidade judaica no Brasil
Brasília|Do R7, em Brasília

As novas declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas geraram forte reação entre entidades representativas da comunidade judaica no Brasil.
A Conib (Confederação Israelita do Brasil) classificou como “ataque aos judeus” a fala do presidente, que chamou as ações de Israel na Faixa de Gaza de “genocídio” e disse haver um “vitimismo” por parte do Estado israelense.
Em nota divulgada nesta terça-feira (3), a Conib afirmou que o discurso do presidente contribui diretamente para o aumento de hostilidade contra judeus nas redes sociais brasileiras e amplia os riscos à segurança da comunidade judaica no país.
“No mundo todo, incluindo o Brasil, o antissemitismo explodiu desde que o grupo terrorista Hamas realizou o maior ataque contra os judeus desde a Segunda Guerra. A comunidade judaica lamenta muito que Lula não compreenda nem se sensibilize com isso”, afirmou a entidade.
A Conib também rebateu o uso do termo “vitimismo”, lembrando que se refere, na verdade, às denúncias sobre o crescimento de episódios antissemitas no Brasil e em outros países.
O posicionamento veio logo após o assassinato de dois funcionários da embaixada de Israel nos Estados Unidos — fato citado na nota como agravante do contexto.
Homem apontado pelo Serviço de Inteligência de Israel como terrorista do Hamas ligado à UNRWA
Homem apontado pelo Serviço de Inteligência de Israel como terrorista do Hamas ligado à UNRWA
O presidente da Federação Israelita do Estado de São Paulo, Marcos Knobel, também reagiu às falas de Lula. Segundo ele, as denúncias de antissemitismo recebidas pelos canais da entidade cresceram mais de 1000% desde o início do conflito.
Knobel criticou a posição do governo federal por adotar, segundo ele, uma postura unilateral diante do conflito no Oriente Médio.
“O Brasil poderia ser um verdadeiro mediador com outros países e não ficar só criticando um lado, mas talvez buscando uma solução pacífica para a situação”, afirmou.
Declarações de Lula
Durante coletiva com jornalistas na manhã desta terça, Lula disse que o que ocorre na Faixa de Gaza é um genocídio e criticou as acusações de antissemitismo direcionadas a quem questiona os atos de Israel.
“Vem dizer que é antissemitismo. Sai para lá com esse vitimismo. O que está acontecendo na Faixa de Gaza é a morte de mulheres e crianças que não estão participando da guerra”, afirmou.
O presidente também declarou que o governo israelense trata palestinos como “cidadãos de segunda classe” e que suas ações não refletem a vontade do povo judeu.
“É exatamente por conta do que o povo judeu sofreu na sua história que o governo de Israel devia ter bom senso e humanismo no trato com o povo palestino”, disse.
Críticas anteriores
Na semana passada, Lula já havia condenado outro episódio do conflito: o ataque que matou nove filhos da médica palestina Alaa Al-Najjar, após bombardeio na Faixa de Gaza em 24 de maio.
Na ocasião, classificou a ação como “vergonhosa e covarde” e afirmou que o conflito ultrapassou os limites da legítima defesa e do combate ao terrorismo.
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