Boulos toma posse com foco em ‘levar o governo para a rua’ e aproximar movimentos sociais
MST e outros grupos compareceram em peso à cerimônia no Planalto; troca ministerial foi a 13ª de Lula neste mandato
Brasília|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva empossou nesta quarta-feira (29) o novo ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos. Deputado federal pelo PSOL-SP, Boulos assume o lugar de Márcio Macêdo. A pasta é responsável pela articulação do governo com movimentos sociais.
Grupos como o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) compareceram em peso à cerimônia, que ocorreu no Palácio do Planalto.
O R7 apurou que a mudança mira as eleições do próximo ano. Lula quer reaproximar o governo da militância para estreitar os laços entre a gestão e a “base”, em meio ao que aliados veem como um cenário de afastamento.
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“O presidente me deu a missão de ajudar nessa reta final do mandato a colocar o governo na rua, a rodar todos os cantos deste país, ouvir as pessoas, conversar olho no olho, ter a humildade de ouvir críticas e apresentar o que o governo tem feito pelo povo brasileiro”, disse Boulos ao ser empossado.
“A proposta é dialogar com todo mundo, não só com quem já concorda com a gente. Dialogar com os entregadores de aplicativo, com os motoristas de Uber, dialogar com os pequenos empreendedores, com a população em situação de rua, com o povo das periferias. Com católicos, com evangélicos, com todas as religiões”, acrescentou.
No discurso de despedida, Macêdo agradeceu a confiança de Lula e fez um balanço da gestão, além de desejar sucesso a Boulos.
Outro objetivo do presidente com a alteração na pasta é aproximar o governo da juventude. Além disso, Macêdo deve disputar as eleições de 2026. Ele já foi deputado federal pelo PT-SE e estava de saída do mandato quando assumiu o ministério, em janeiro de 2023.
Perfil de Boulos
Boulos foi da coordenação nacional do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) por mais de 10 anos e mantém estreita relação com os movimentos até hoje.
Em 2022, foi o deputado federal mais votado em São Paulo, com pouco mais de 1 milhão de votos. Em 2024 e 2020, chegou ao segundo turno da disputa pela Prefeitura de São Paulo, mas perdeu nas duas vezes.
No ano passado, com apoio de Lula, foi derrotado pelo atual prefeito Ricardo Nunes (MDB). Boulos teve 40,65% (2.323.901 votos), contra 59,35% do oponente (3.393.110 votos).
Há cinco anos, o psolista perdeu para Bruno Covas (PSDB), morto em 2021. Boulos conquistou 40,62% do eleitorado paulistano (2.168.109 votos), e Covas, 59,38% (3.169.121 votos).
Críticas a Macêdo
A troca de Macêdo por Boulos representa a 13ª mudança entre titulares de pastas no atual mandato de Lula (leia mais abaixo).
A decisão do petista sela um movimento iniciado ainda no ano passado. Lula criticou publicamente a gestão de Macêdo em algumas ocasiões, o que levantou a suspeita de uma eventual demissão.
Lula reivindicava publicamente melhor atuação do ministro desde o primeiro ano de governo. As críticas ocorreram em, ao menos, três ocasiões.
Em dezembro de 2023, no Natal dos Catadores, Lula pediu “menos discurso e mais entrega” a Macêdo e cobrou dele a organização dos pedidos do grupo.
No 1º de Maio do ano passado, em meio a um evento esvaziado, o presidente chegou a dar uma bronca pública no ministro.
“Não pensem que vai ficar assim. Vocês sabem que ontem eu conversei com ele sobre esse ato e disse ‘Márcio, esse ato está mal convocado’. Nós não fizemos o esforço necessário para levar a quantidade de gente que era preciso levar”, reclamou, na ocasião.
Em julho de 2024, durante reunião do CIISC (Comitê Interministerial para Inclusão Socioeconômica de Catadoras e Catadores de Materiais Reutilizáveis e Recicláveis), Lula cobrou maior participação de ministros em eventos do governo e pediu que Macêdo acompanhasse a presença dos colegas.
“Eu tenho muita preocupação porque a gente cria muita reunião interministerial. Eu sou informado das reuniões e nem todos os ministros participam. Às vezes, participa da primeira. Na segunda, já manda um segundo colocado [do ministério]. Na terceira, manda um terceiro colocado. Na quarta, manda um quarto colocado. Primeiro, é preciso que, quando houver reuniões, todos os ministros que fazem parte participem. E você [Márcio Macêdo] tem a responsabilidade de pegar o telefone e ligar para cada ministro”, criticou.
Mudanças na Esplanada
Macêdo foi o 11º titular a sair da gestão petista. O primeiro nome a deixar o governo foi Gonçalves Dias, em abril de 2023. Ele chefiava o GSI e pediu demissão após imagens do circuito de segurança do Palácio do Planalto mostrarem que ele estava no prédio quando a sede do Executivo foi palco de atos de vandalismo em 8 de janeiro daquele ano.
Em julho de 2023, a então ministra do Turismo, Daniela Carneiro, entregou o cargo, após disputas internas no partido do qual faz parte, o União Brasil.
Deputada federal, ela retornou à Câmara e atualmente é vice-líder do governo no Congresso.
Dois meses depois, foi a vez de Lula demitir Ana Moser, que comandava o Ministério do Esporte. A decisão do presidente fez parte de um movimento para aumentar o espaço do centrão no governo federal. A pasta do Esporte foi entregue ao PP.
Na mesma tacada, o petista deu o Ministério dos Portos e Aeroportos ao Republicanos e criou mais uma pasta federal na Esplanada, o Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, para acomodar Márcio França, que estava à frente de Portos e Aeroportos.
Em fevereiro de 2024, Flávio Dino deixou o Ministério da Justiça e Segurança Pública para assumir uma vaga no STF. Ele foi substituído por Ricardo Lewandowski. Em setembro do mesmo ano, Sílvio Almeida foi demitido por Lula após denúncias de assédio sexual.
Paulo Pimenta, que comandava a Secom (Secretaria de Comunicação da presidência) saiu do governo em janeiro de 2025 após críticas de Lula à condução da comunicação do Executivo. Ele foi substituído pelo publicitário Sidônio Palmeira, responsável pela campanha eleitoral do presidente em 2022.
Em fevereiro deste ano, o petista demitiu Nísia Trindade do Ministério da Saúde e indicou Alexandre Padilha para substituí-la. Ele era o titular das Relações Institucionais e, com a ida para a Saúde, a pasta responsável pela articulação política do governo com o Legislativo foi assumida por Gleisi Hoffmann.
Em maio, houve duas baixas na Esplanada. Carlos Lupi pediu demissão da Previdência Social em meio ao escândalo das fraudes em benefícios de aposentados e pensionistas do INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social). Ele foi substituído por Wolney Queiroz, que era secretário-executivo do ministério desde o início da gestão.
Dias depois, Lula demitiu a então ministra das Mulheres Cida Gonçalves, após insatisfações do petista com a condução da pasta e denúncias de assédio moral. No lugar de Cida, Lula nomeou Márcia Lopes.
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