Brasil acerta ao não reconhecer vitória de Maduro sem divulgação de atas, diz Padilha
Ministro também informou que Lula não vai conversar diretamente com Maduro sem os governos da Colômbia e do México
Brasília|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília
O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, elogiou nesta sexta-feira (9) a postura do governo brasileiro de não reconhecer a suposta reeleição do presidente venezuelano, Nicolás Maduro. Padilha também informou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não vai conversar diretamente com o chavista sem a participação dos governos da Colômbia e do México — havia a expectativa de uma ligação telefônica entre o petista e Maduro, o que ainda não ocorreu.
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“O governo brasileiro e o presidente Lula estão tendo uma postura muito firme e correta, de uma ação articulada com Colômbia e México, de não reconhecer o resultado eleitoral enquanto não forem entregues e evidenciadas as atas”, declarou o ministro a jornalistas, depois de seminário da Previ (Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil), no Rio de Janeiro (RJ).
Os governos de Brasil, Colômbia e México emitiram duas notas conjuntas em defesa da apresentação das atas das eleições, com os dados completas das urnas — o primeiro texto é de 1º de agosto, quatro dias depois das eleições venezuelanas, e o segundo comunicado foi divulgado nessa quinta (8).
“O presidente Lula vai continuar dialogando com o presidente do México, [López Obrador], e o presidente da Colômbia [Gustavo Petro]. Qualquer passo em relação à Venezuela vai ser feito de forma conjunta. Qualquer contato e conversa”, acrescentou Padilha, ao afirmar que a posição dos líderes latinos foi “elogiada no mundo inteiro”.
“O presidente Lula, Brasil, México e Colômbia estão na posição correta de quem quer ser mediador, de quem quer a paz e tranquilidade naquele país”, completou.
Embora Lula tenha declarado que não há nada “anormal” nem “grave” no processo eleitoral do país vizinho, a posição oficial do Executivo é de não endossar nem refutar a vitória de Maduro enquanto as autoridades venezuelanas não divulgarem as informações.
A reeleição do chavista é contestada por parte da comunidade internacional e pela oposição venezuelana, representada no pleito de 28 de julho pelo candidato Edmundo González.
Padilha também destacou que interessa ao Brasil que a solução para o impasse na Venezuela seja pacífica. “A maior preocupação do Brasil é que tenha paz na Venezuela. É um país vizinho ao nosso, onde o Brasil mais vende do que importa, então paz e desenvolvimento naquele país são bons para gerar emprego e renda no Brasil. Ninguém quer conflito num país vizinho. Essa ação articulada é fundamental pra isso”, concluiu o ministro.