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R7 Brasília

Brasil teve média de oito pessoas resgatadas de situações análogas à escravidão por dia em 2023

Total de 3.240 flagrantes foi o maior em 15 anos e representa alta de 25% em relação ao 2022, segundo levantamento feito pelo R7

Brasília|Edis Henrique Peres, do R7, em Brasília

Desde 1995, Pará registra maior número de casos
Desde 1995, Pará registra maior número de casos Ministério do trabalho/Divulgação

Mais de 3,2 mil trabalhadores foram resgatados de situações análogas à escravidão em 2023, o maior número em 15 anos e 25% a mais em relação a 2022, de acordo com dados levantados pelo R7 no Painel Radar Sit. A região Sudeste concentrou a maior quantidade de ações e resgate, com 225 estabelecimentos visitados e 1,1 mil pessoas resgatadas.

Confira o ranking por região:

• Sudeste 225: fiscalizações e 820 resgates;

• Centro-Oeste: 114 fiscalizações e 820 resgates;


• Nordeste: 105 fiscalizações e 552 resgates;

• Sul: 84 fiscalizações e 497 resgates; e


• Norte: 70 fiscalizações e 168 resgates.

Individualmente, os estados que apresentaram maiores ocorrências foram:


• Goiás: 739,

• Minas Gerais: 651 e

• São Paulo: 392.

Nos últimos 15 anos (veja no gráfico abaixo), 2009 tinha sido o ano com o maior resgate de trabalhadores, com 3.765 pessoas identificadas em situação análoga à escravidão no país.

Pará tem a maior incidência desde 1995

Avaliando o cenário nacional, considerando os dados desde 1995, o Pará é o estado com maior incidência de pessoas em situação análoga à escravidão. Dos 14 municípios que mais foram alvos de operações e resgates, metade são do estado nortista. Veja lista:

Ambiente rural: café e cana-de-açúcar

Ao R7, o Ministério Público do Trabalho informou que o cultivo de café foi o setor com a maior quantidade de resgatados, ficando à frente das lavouras de cana-de-açúcar.

Na avaliação do procurador do Trabalho e Coordenador Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo, Luciano Aragão Santos, "a maioria dos casos de trabalho escravo no país ainda se concentra no meio rural".

Não há, contudo, uma exclusividade. Há uma prevalência histórica desde o início da política de resgates em meio rural, de resgates em lavouras, em inúmeros estados no Norte do país.

(Luciano Aragão Santos, procurador do Trabalho e Coordenador Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo)

Ambiente urbano: construção civil

O procurador, no entanto, ressalta que também há registros de resgates de trabalhadores em grandes cidades.

"Podemos citar resgates na construção civil, resgates em oficinas de cultura, com trabalhadores imigrantes, ou em outros estabelecimentos e empreendimentos que recebem imigrantes da Bolívia, da Venezuela, e ingressam no nosso país, especialmente, para áreas urbanas e são vítimas do trabalho análogo à escravidão", aponta.

Santos observa que as condições análogas à escravidão tem sido "maior em termos de estatístico em locais afastados, onde não há alojamento e os trabalhadores dormem em cabanas precárias, barracas de pau a pique ou lona e não contam com instalação sanitária, água potável, ou alimentação adequada".

R$ 13,3 milhões em verbas rescisórias

Segundo dados do painel, em 2023, os envolvidos em trabalho escravo tiveram que pagar aos trabalhadores R$ 13,3 milhões em verbas rescisórias. Além disso, 2,1 mil guias de desemprego foram emitidas e 650 locais visitados ao longo do ano passado.

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