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R7 Brasília

Conselho de Ética abre processo contra Eduardo Bolsonaro por ataques a Miriam Leitão

Deputado zombou de um depoimento da jornalista em que ela relata que foi torturada durante a ditadura militar

Brasília|Sarah Teófilo, do R7, em Brasília

Deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP)
Deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP)

O Conselho de Ética da Câmara instaurou um processo por quebra de decoro parlamentar contra o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro, por ataques contra a jornalista Miriam Leitão. O parlamentar zombou de um depoimento da jornalista em que ela relata que foi torturada durante a ditadura militar.

Foram sorteados, durante a sessão, três integrantes do colegiado que poderão ser escolhidos para relatar o processo contra o deputado. Agora, cabe ao presidente do conselho, Paulo Azi (União-BA), escolher um nome entre os três, no momento que ele achar oportuno.

Eduardo Bolsonaro foi alvo de representações dos partidos PCdoB, PT, Psol e Rede. No dia 3 de abril, a jornalista publicou um artigo intitulado "Única via possível é a democracia". "Qual é o erro da terceira via? É tratar Lula e Bolsonaro como iguais. Bolsonaro é inimigo confesso da democracia", escreveu Leitão no Twitter.

O deputado, então, republicou o texto com a seguinte mensagem: "Ainda com pena da [imagem de cobra]". A jornalista já relatou em diversos momentos que durante a ditadura militar, quando estava grávida, ela foi torturada e deixada em uma sala escura com uma cobra. Miriam Leitão é constantemente alvo de críticas da família Bolsonaro.


Na representação, o PCdoB afirmou que o deputado "foi muito além do deboche". "O parlamentar do PL fez verdadeira apologia da tortura, na medida em que o réptil a que fez referência foi instrumento de tortura psicológica cruel e que revela a mente sádica de quem a praticou", pontuou.

A reportagem tenta contato com a assessoria do deputado. O espaço segue aberto para manifestação.


Na semana passada, quando se defendia de representações no Conselho de Ética, Eduardo Bolsonaro afirmou que tinha feito uma piada sobre o assunto.

"Miriam Leitão, que se diz torturada, assim como todas as pessoas que estão nos presídios que dizem que foram torturadas por policiais. Ela, tendo como única prova o depoimento dela, diz que foi torturada, e eu tenho que acreditar na versão dela. Eu não posso sequer fazer uma piada", disse.


Foram sorteados para ser relatores da representação de Eduardo os deputados Mauro Lopes (PP-MG), Pinheirinho (PP-MG) e Vanda Milani (Pros-AC). O presidente do conselho deverá escolher um entre os três nomes.

Outras representações

Também foi instaurada uma representação contra o deputado Eduardo Bolsonaro por ter chamado o senador Humberto Costa (PT-PE) de "Drácula da Odebrecht". O senador alegou que a expressão busca imputar a ele crimes de corrupção e organização criminosa. "Não respondo a nenhum inquérito ou mesmo qualquer investigação nesse sentido", afirmou Costa na representação.

Outros oito processos foram instaurados contra os seguintes parlamentares: Carlos Jordy (PL-RJ), Carla Zambelli (PL-SP), Jandira Feghali (PCdoB-RJ), Talíria Petrone (Psol-RJ), Josimar Maranhãozinho (PL-MA), Heitor Freire (União-CE), Bia Kicis (PL-DF) e Kim Kataguiri (União-SP).

No caso desse último, são duas representações, dos partidos PP e PT, sobre declarações do deputado em um podcast. Na ocasião, ao ser questionado por Tabata Amaral (PSB-SP) se achava "que é errado a Alemanha ter criminalizado o nazismo", ele respondeu afirmativamente. Após o ocorrido, o deputado pediu desculpas.

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