CPI da Braskem convoca presidente da empresa e diretor da Agência Nacional de Mineração
Colegiado também vai ouvir especialistas e outras autoridades; primeiros depoimentos estão marcados para 5 e 6 de março
Brasília|Bruna Lima, do R7, em Brasília

A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Braskem aprovou nesta quarta-feira (28) a convocação de autoridades e especialistas para iniciar os trabalhos de apuração sobre o colapso do solo em Maceió (AL). Entre os nomes estão o diretor-presidente da Braskem, Roberto Bischoff, e o diretor-geral da Agência Nacional de Mineração, Mauro Henrique Moreira Sousa.
Os primeiros depoimentos estão marcados para a próxima semana. Na quarta-feira (6), Mauro deve comparecer à CPI. Para o mesmo dia foi convocado o ex-diretor-presidente do Serviço Geológico do Brasil Thales Sampaio, responsável pelos primeiros laudos apontando suspeita de afundamento do solo.
Três professores foram convocados: o engenheiro civil e geotécnico Abel Galindo Marques; o doutor e ativista em ecologia José Geraldo Marques; e a professora Natallya de Almeida Levino, da Universidade Federal de Alagoas. O colegiado solicitou ao Ministério de Minas e Energia a disponibilização de um profissional com formação em geologia para prestar apoio técnico à CPI.
Na terça-feira (27), a CPI aprovou o plano de trabalho e pediu o compartilhamento de inquéritos da Polícia Federal, de dados do governo de Alagoas e de alertas feitos pela Agência Nacional de Mineração. A Petrobras também entrou na mira das apurações e deve enviar informações sobre as minas subterrâneas em Maceió. Os senadores irão à capital alagoana para realizar diligências.
Relator da CPI, o senador Rogério Carvalho (PT-SE) alertou que o objetivo é "investigar os efeitos da responsabilidade jurídica e socioambiental da empresa Braskem e todas as empresas que antes ou em conjunto com a Braskem tiveram ação direta ou indireta na exploração do minério".
Entenda
A extração de sal-gema tem sido realizada desde os anos 1970 nos arredores da Lagoa Mundaú, na capital alagoana. A partir de 2018, os bairros Pinheiro, Mutange e Bom Parto, situados próximos às operações, começaram a enfrentar sérios danos estruturais, incluindo afundamento do solo e formação de crateras em ruas e edifícios.
Foram 14 mil imóveis impactados e considerados inabitáveis, levando 55 mil pessoas a deixarem a área. O levantamento da Braskem aponta que 40 mil pessoas foram realocadas. As atividades de extração tiveram interrupção em 2019.
A cidade permanece em alerta diante do risco iminente de colapso da mina da Braskem, localizada na região do antigo campo. Em fevereiro último, a Defesa Civil reduziu a área delimitada e a nova demarcação libera parte da área para os pescadores. A região mais próxima às minas continua interditada.