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R7 Brasília

CPI da Covid-19 deve investigar presidente do PTB do Amapá

Kassyo Ramos recebeu dinheiro de Danilo Trento, diretor da Precisa. Sigla é dirigida nacionalmente por Roberto Jefferson

Brasília|Sarah Teófilo, do R7, em Brasília

Relação entre o político e diretor da Precisa deve ser investigada pelos senadores
Relação entre o político e diretor da Precisa deve ser investigada pelos senadores

Ainda com algumas semanas pela frente, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 pode mirar o presidente do PTB do Amapá, Kassyo Santos Ramos. O partido é presidido nacionalmente por Roberto Jefferson, figura que se aproximou do bolsonarismo nos últimos anos e que foi preso em 13 de agosto no âmbito do inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) que apura milícias digitais. Informações que chegaram à CPI apontam a relação de Kassyo Ramos com o diretor institucional da Precisa Medicamentos, Danilo Trento, dono da empresa Primarcial e que prestou depoimento na última quinta-feira (23).

Questionado sobre a sua relação com Kassyo, Trento usou o seu direito de permanecer em silêncio para não se autoincriminar. A questão está sendo apurada de perto pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), que apresentou na última quinta dois requerimentos para quebra de sigilos fiscal, bancário, telefônico e telemático do presidente estadual do PTB, assim como um pedido para a sua convocação para prestar depoimento à comissão.

Vieira afirmou que o nome de Kassyo chega à comissão por meio de Relatórios de Inteligência Financeira (RIFs) que apontam para uma transferência de recurso entre ele e Trento, “com reflexos no contato com parlamentares”, inclusive integrantes do Senado. Segundo o senador, Kassyo possui estreita relação com um conhecido parlamentar federal.

“Nós temos uma responsabilidade aqui nesta CPI de deixar claro que o nosso trabalho não é personalizado, não é direcionado. Nós precisamos ter muito claro, porque não brota nessas figuras que sentam aqui eventualmente um poder divino de fazer abrir portas, conseguir nomeações, conseguir agendas especiais. Isso tem respaldo político e infelizmente em alguns casos – não posso afirmar nesse ainda –, em alguns casos, mediante pagamento. Não é roteiro novo. O que tem de novo nessa história é a possibilidade de uma CPI fazer essa análise”, disse o senador.


O relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) citado pelo senador aponta que Kassyo Santos Ramos recebeu valores de Trento que, por sua vez, remeteu somas para a agência Barão Turismo. A agência executou voos de funcionários da Precisa Medicamentos para a Índia, conforme informações obtidas pela CPI. A Precisa chegou a fechar um contrato de R$ 1,6 bilhão com o Ministério da Saúde para venda de 20 milhões de doses da vacina indiana Covaxin, do laboratório Bharat Biotech.

Informações que chegaram à comissão apontam para uma possível relação direta de Trento e Kassyo. A relação ainda pode esbarrar no suposto lobista Marconny Albernaz, que, conforme apurado pela comissão, atuou para ajudar a Precisa Medicamentos no âmbito da licitação do governo federal destinada à compra de testes rápidos contra Covid-19. À CPI, Albernaz negou ser lobista. Ele possui relação com a advogada do presidente Jair Bolsonaro, Karina Kufa, e com o filho do mandatário Jair Renan.


O senador Alessandro Vieira acredita que seja necessária a transferência para que se possa desvendar os exatos termos da relação entre Trento, Francisco Maximiano, sócio da Precisa, Kassyo Ramos e Raphael Barão, da agência Barão Turismo. A reportagem tentou contato com Kassyo Ramos por meio do telefone do PTB do Amapá, mas as ligações não foram atendidas. Foi enviada uma mensagem ao e-mail do diretório, mas também não houve resposta. 

Barão Turismo


No caso da Barão, os senadores apontaram na última quinta-feira (23) a relação da agência com a Primarcial, empresa de Trento. Segundo o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), a Barão fazia transferências com a empresa. Até janeiro deste ano, a Primarcial e a 6M, empresa de Francisco Maximiano, sócio da Precisa, transferiram para a Barão R$ 265 mil, conforme o senador, e, em 15 de fevereiro, a Barão abriu uma offshore nos Estados Unidos, no estado de Wyoming que, segundo Randolfe, é um paraíso fiscal dos EUA.

O senador pontuou que dias depois, em 25 de fevereiro, foi firmado o contrato da Precisa com o Ministério da Saúde, e que naquele mês houve um salto de transferências superior às que ocorreram durante todo o ano de 2020.

"A 6M, a BSF e a Precisa, as três de Francisco Maximiano, somadas com a Primarcial, transferiram, só no mês de fevereiro, para a Barão Turismo, R$ 972 mil. Depois, vai haver outras transferências. Vejam que as transferências caem nos meses de março e abril. No mês de fevereiro de 2021 – no mês de fevereiro –, as três empresas do Francisco Maximiano, inclusive a Precisa, e a empresa do Sr. Danilo Trento, a Primarcial, transferem quase 1 milhão, maior que todas as transferências do ano anterior", ressaltou, pontuando que as informações sinalizam para elemento de crime de evasão de divisas.

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