Brasília Dentro de carro, hipster da Federal atirou com submetralhadora no dia da morte, diz delegado

Dentro de carro, hipster da Federal atirou com submetralhadora no dia da morte, diz delegado

Policiais levavam Lucas Valença de volta a Brasília no momento; ele retornou a Goiás, onde invadiu fazenda e levou tiro no peito

  • Brasília | Jéssica Moura, do R7, e Marcos Aurélio Silva, da Record TV

Lucas Valença, o  hipster da Federal

Lucas Valença, o hipster da Federal

Redes sociais/Instagram

O agente da Polícia Federal Lucas Valença, conhecido como hipster da Federal, atirou com uma submetralhadora de dentro de um carro no dia em que morreu. A informação consta no inquérito da Polícia Civil de Goiás que investigou a morte do rapaz, vítima de um disparo de arma de fogo após invadir uma fazenda em Buritinópolis, no interior de Goiás, em 2 de março último.

O dono da propriedade rural disparou contra Valença depois de ter sido ameaçado por ele. A investigação concluiu pelo indiciamento do autor do tiro por posse ilegal de arma de fogo, mas descartou homicídio. A apuração concluiu que ele agiu em legítima defesa.

Mudança de comportamento

De acordo com o inquérito, Valença morava em Brasília e havia viajado com amigos e familiares para a zona rural de Buritinópolis, tendo se instalado em chalés da região de Santa Rita. "Dizem que ele chegou muito bem, chegou alegre, ia ser o melhor final de semana da vida dele", relatou o delegado Alex Rodrigues, responsável pelo caso.

"Em determinado momento, ele se estressou com o cachorro que ele tinha levado, se estranhou com outro cachorro da família e teve uma reação desproporcional. Depois disso, começou a apresentar um comportamento melancólico, depressivo, e só foi piorando", acrescentou o investigador.

Cortejo para sepultamento de Lucas Valença, o hipster da Federal

Cortejo para sepultamento de Lucas Valença, o hipster da Federal

Jéssica Moura/R7

Como Lucas estava nervoso e alterado, uma médica amiga dele, que acompanhava o grupo, lhe deu um remédio para que se acalmasse. Rodrigues ressaltou que, "durante a noite, essa agressividade dele foi piorando, não chegou a ter agressão física contra o padrasto, mas danificou todo o imóvel, falando palavras e frases desconexas".

Receosos de lidar com um agente da PF nessas condições, a família decidiu pedir ajuda a colegas dele na corporação. Os policiais foram até a cidade goiana e colocaram Valença em um carro para levá-lo de volta a Brasília. Segundo a Polícia Civil de Goiás, o objetivo dos parentes era internar o agente em uma clínica psiquiátrica.

Dentro do veículo, Valença teve uma nova crise agressiva. "Ele estava acautelando armas da Polícia Federal e disparou uma submetralhadora. Ele estava muito nervoso", afirmou o delegado.

O agente pedia que o levassem de volta à zona rural e ameaçou matar os colegas dentro do carro se não o conduzissem à chácara. Os colegas conseguiram desarmá-lo, mas decidiram retonar a Buritinópolis. Ao final, Valença alegou que iria para casa, tomar um banho e dormir.

Lucas Valença não foi para casa. Ele seguiu para a fazenda Santa Rita, onde ameaçou os moradores. Do lado de fora, desligou a energia, proferiu xingamentos e arrombou a porta. No escuro, o fazendeiro disparou contra ele, para proteger a esposa e a filha de 3 anos. Ferido, o agente gritava que era policial.

Ao religar a energia, o morador percebeu que havia atingido o rapaz e acionou o socorro. O agente não resistiu à hemorragia, consequência da perfuração do fígado, e morreu no local. 

Lucas Valença, o  hipster da Federal

Lucas Valença, o hipster da Federal

Redes sociais/Instagram

THC

Lucas Valença, que estava em tratamento psicológico, fazia uso de medicamentos controlados. A perícia não constatou a presença de álcool, mas o exame toxicológico constatou que no corpo dele havia THC – substância ativa da maconha.

"Só que a gente não sabe precisar se a substância foi advinda de algum uso ilícito de droga ou de algum medicamento", afirmou o delegado. A psicóloga que o acompanhava não revelou quais remédios Valença tomava.

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