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Em Brasília, Lula e presidente da Espanha discutem guerras e acordo entre Mercosul e União Europeia

Reunião, na manhã desta quarta, no Palácio do Planalto, vai tratar também da reforma da governança de instituições multilaterais

Brasília|Plínio Aguiar, do R7, em Brasília

Lula e Pedro Sánchez vão se encontrar às 10h
Lula e Pedro Sánchez vão se encontrar às 10h Lula e Pedro Sánchez vão se encontrar às 10h (Ricardo Stuckert/PR - 26.04.2023)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebe nesta quarta-feira (6) o presidente da Espanha, Pedro Sánchez, em uma visita oficial no Palácio do Planalto, em Brasília. Eles vão tratar da relação bilateral, das guerras na Faixa de Gaza e na Ucrânia e da reforma da governança de instituições multilaterais, além do acordo entre o Mercosul e a União Europeia.

O encontro vai ocorrer a partir das 10h30. Lula tem uma boa relação com Sánchez e, se dependesse do espanhol, o acordo entre Mercosul-UE estaria em vigor. Por outro lado, o brasileiro deve se encontrar nos próximos dias com o presidente da França, Emmanuel Macron, ferrenho opositor das negociações entre os dois blocos econômicos. 

"Na ocasião, os dois mandatários passarão em revista o estado do relacionamento bilateral e trocarão avaliações sobre temas relevantes da conjuntura regional e global, tais como a crise no Oriente Médio, em particular a grave situação humanitária em Gaza e as perspectivas de avanço de uma solução de dois Estados; o conflito na Ucrânia; as negociações do acordo Mercosul-União Europeia; e a reforma das instituições de governança global", diz o Itamaraty.

No ano passado, Lula e Sánchez presidiram os blocos econômicos Mercosul e União Europeia, respectivamente. Devido à boa relação, os líderes tentaram, sem sucesso, finalizar as tratativas em torno do acordo entre os grupos. As negociações devem ser retomadas pelos técnicos a partir do segundo semestre, segundo informou recentemente o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

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O acordo pode permitir a empresas brasileiras serem mais competitivas e terem mais espaço no mercado europeu. Além disso, a expectativa é que favoreça instrumentos de diálogo e cooperação política em diversos temas, como mudanças climáticas e segurança pública. Entre os principais obstáculos para a conclusão da parceria, estão exigências ambientais dos europeus e necessidade de maior presença de empresas brasileiras na Europa.

Há entraves também nas questões ambientais. Os países da Europa querem a garantia de que a intensificação do comércio entre os blocos não resultará no aumento de destruição ambiental no Brasil e nas demais nações do Mercosul. Em contrapartida, o lado brasileiro é a favor de que não haja distinção na aplicação de eventuais sanções, ou seja, de que ambos os lados sejam penalizados da mesma forma em caso de descumprimento.

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Na visão do governo brasileiro, a medida pode prejudicar a indústria nacional, uma vez que o Executivo adquire produtos de diversas áreas, como saúde e agricultura. Em uma eventual participação de países europeus nas licitações, o Brasil poderia ter a produção interna prejudicada ou não suficientemente estimulada. A contraproposta pede a revisão de condições estabelecidas para essa categoria.

Lula falou sobre o assunto no final do ano passado. "Só posso dizer que não vai ter assinatura na hora em que terminar a reunião do Mercosul, que eu tiver o 'não'. Enquanto eu puder acreditar que é possível fazer esse acordo, eu vou lutar para fazer. Porque, depois de 23 anos, se a gente não concluir o acordo, é porque nós estamos sendo irrazoáveis com as necessidades que temos de avançar nos acordos políticos, sociais e econômicos", afirmou.

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Grande área de livre comércio

Se concluído, o tratado vai formar uma das maiores áreas de livre comércio do planeta, com quase 720 milhões de pessoas, cerca de 20% da economia global e 31% das exportações mundiais de bens.

Se as normas do acordo entre o Mercosul e a União Europeia já valessem em 2022, cerca de R$ 13 bilhões em exportações brasileiras para o bloco teriam sido negociados sem o pagamento de imposto, segundo uma estimativa da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Com o tratado, em torno de 95% de todos os bens industriais terão o imposto de importação para entrar no mercado europeu zerado em até dez anos, sendo que mais da metade desses produtos — quase 3.000 — terá o benefício imediato na entrada em vigor do acordo, diz a confederação.

Guerras

No encontro com o presidente da Espanha, Lula vai tratar dos conflitos que assolam o mundo. São eles: a invasão da Rússia na Ucrânia e a guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas. No primeiro caso, o petista defende a criação de um clube de países amigos para negociarem a paz.

No caso de Gaza, Lula tem condenado os ataques terroristas promovidos pelo Hamas, mas classifica o governo de Benjamin Netanyahu como genocida, uma vez que mulher e crianças têm sido assassinadas. O presidente brasileiro foi classificado por Israel como "persona non grata" após ter comparado as ações de defesa israelense no conflito ao nazismo. O episódio abriu uma crise diplomática.

O presidente de Israel, Isaac Herzog, condenou a declaração do presidente do Brasil. Herzog disse que há uma "distorção imoral da história" e apela "a todos os líderes mundiais para que se juntem a mim na condenação inequívoca de tais ações".

Entidades e organizações também criticaram a declaração de Lula. A Conib (Confederação Israelita do Brasil) repudiou a fala e classificou a afirmação como "distorção perversa da realidade que ofende a memória das vítimas do Holocausto e de seus descendentes".

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