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R7 Brasília

Em discurso de despedida, Nísia diz que foi alvo de ‘campanha machista de desvalorização’

Nos bastidores, principais críticas à ex-ministra incluem falta de ‘marca’ na gestão da Saúde; Padilha tomou posse no lugar dela

Brasília|Ana Isabel Mansur e Lis Cappi, do R7 em Brasília

Nísia foi demitida por Lula no fim de fevereiro Paulo Pinto/Agência Brasil - 17.2.2025

A ex-ministra da Saúde Nísia Trindade afirmou nesta segunda-feira (10) que foi vítima de uma “campanha sistemática e misógina de desvalorização” enquanto esteve à frente da pasta federal. Ela foi demitida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 25 de fevereiro e substituída por Alexandre Padilha. A fala de Nísia foi feita em discurso de despedida do cargo, durante cerimônia de posse do novo ministro, no Palácio do Planalto, em Brasília (DF).

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“Não posso esquecer que durante os 25 meses em que fui ministra, uma campanha sistemática e misógina ocorreu de desvalorização do meu trabalho, da minha capacidade e da minha idoneidade. Não é possível, e acho que não devemos aceitar como natural comportamento político dessa natureza. Podemos e devemos construir uma nova política baseada efetivamente no respeito, e destaco o respeito a nós, mulheres, e no diálogo em torno de propostas para melhorar a vida de nossa população”, declarou Nísia.

O termo “misoginia” é muito usado em discussões ligadas à violência contra a mulher e representa o ódio contra mulheres pelo simples fato de serem mulheres. Ainda na fala, Nísia aproveitou para destacar a atuação à frente do ministério.

“Creio que deixo como legados reconstruir o SUS [Sistema Único de Saúde] e a capacidade de gestão do Ministério da Saúde. Tenho orgulho de afirmar que fui ministra do SUS. É hora de seguir em frente, atuando em outros espaços, seguindo comprometida com o projeto de um país mais justo e soberano. É isso que se faz necessário e o que coloco para mim neste momento”, acrescentou.


Demissão de Nísia

Nísia estava no à frente do Ministério da Saúde desde o início do governo. Nos bastidores, as principais críticas à gestão dela eram a falta de uma “marca” na Saúde e a condução do combate à dengue.

Ela foi a terceira mulher do primeiro escalão de Lula a ser demitida — todas foram substituídas por homens. Daniela Carneiro, ex-ministra do Turismo, e Ana Moser, ex-ministra do Esporte, deixaram o governo em julho e setembro de 2023, respectivamente.


O terceiro mandato de Lula começou com 11 ministras. Após as saídas de Carneiro e Moser, o número caiu para 9, mas voltou a 10 com a demissão do então ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, em setembro do ano passado, por denúncias de assédio. Ele foi substituído por Macaé Evaristo. Com a saída de Nísia e a entrada de Gleisi Hoffmann nas Relações Institucionais, o governo segue com 10 ministras.

Além das críticas, a troca faz parte de uma reforma ministerial debatida desde o fim do ano passado, quando Lula criticou publicamente a gestão da comunicação do governo federal.

A insatisfação do presidente levou à substituição do titular da Secom, logo no início de janeiro. Lula demitiu Paulo Pimenta e nomeou o marqueteiro Sidônio Palmeira, que comandou a campanha do petista de 2022.

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