O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou nesta sexta-feira (2) o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, para reunião no Palácio do Planalto. A expectativa é que o encontro, que deve selar o futuro de Lupi no governo, ocorra até o fim do dia. A convocação ocorre em meio ao escândalo (leia mais abaixo) no INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), que levou à demissão do então presidente do órgão, Alessandro Stefanutto, suspeito de atuar no esquema de fraude. Na quarta, Lula escolheu um procurador federal para presidir o INSS.Apesar do desgaste e da “pancadaria”, como relatou uma fonte, Lupi não é oficialmente investigado pela operação da Polícia Federal e da CGU (Controladoria-Geral da União) da semana passada.Normalmente, a indicação do comando do INSS é feita pelo ministro da Previdência Social, como foi no caso de Stefanutto, apontado para o cargo por Lupi. No entanto, em meio às apurações da PF e da CGU, o presidente decidiu assumir a indicação.Lupi reconheceu, na segunda (28), que houve demora do INSS para investigar o esquema de desvio em benefícios de aposentados e pensionistas. Em reunião do Conselho Nacional de Previdência Social, ele argumentou que os processos internos do órgão são demorados porque o instituto não é “um botequim de esquina”.Ao longo da semana, a posição de Lula em relação à demissão de Lupi era de que a exoneração só ocorreria se houver provas contra ele no caso das fraudes, como apurado pelo R7 e pela RECORD. Até terça-feira (29), o petista não dispensaria Lupi, que está no governo desde o início do mandato.Apesar de avaliarem que o ministro não está ameaçado, fontes admitem que ele tem sido atingido pelo assunto. “Obviamente ele terá um caminho duro nos próximos dias”, destacou um interlocutor.A operação da PF e da CGU foi deflagrada na quarta (23) da semana passada e cumpriu 211 mandados judiciais, incluindo ordens de busca e apreensão, sequestro de bens, avaliados em mais de R$ 1 bilhão, e seis mandados de prisão temporária.As investigações apuram um esquema nacional de cobranças indevidas em benefícios do INSS. De acordo com as apurações, aposentados e pensionistas foram alvo de descontos não autorizados de mensalidades associativas, aplicados diretamente sobre os valores de aposentadorias e pensões. O prejuízo estimado chega a R$ 6,3 bilhões, acumulados entre os anos de 2019 e 2024. Ao menos 11 entidades são suspeitas.Ainda não se sabe quanto desse valor foi indevidamente descontado e quanto tinha autorização dos beneficiários.Os investigados poderão responder por corrupção ativa e passiva, violação de sigilo funcional, falsificação de documentos, organização criminosa e lavagem de dinheiro. A apuração das autoridades levou à demissão de Stefanutto e ao afastamento de servidores.Dois dias depois da operação, representantes do INSS e da CGU informaram a suspensão dos descontos na folha de pagamento de aposentados e pensionistas por convênios com entidades, como associações e sindicatos. A pausa é por tempo indeterminado, até a conclusão da análise de cada acordo, para a identificação dos descontos irregulares.Para reorganizar o sistema de desconto e torná-lo mais rígido e seguro, segundo o ministro da CGU, Vinicius de Carvalho, é necessária a suspensão de todos esses acordos de cooperação técnica vigentes, celebrados pelo INSS com entidades nos últimos anos.“O governo vai ressarcir o que foi descontado irregularmente. Isso estará em um plano que será apresentado em breve”, declarou Carvalho.O ministro garantiu que os valores descontados indevidamente serão devolvidos. Ele não informou, no entanto, quando nem como esse ressarcimento será feito.Segundo Carvalho, o governo federal elabora um plano para identificar os descontos fraudados e permitir as devoluções. O planejamento, que deve ser apresentado “em breve”, como afirmou o ministro, vai detalhar o total dos valores que serão ressarcidos e o formato das reposições.Fique por dentro das principais notícias do dia no Brasil e no mundo. Siga o canal do R7, o portal de notícias da Record, no WhatsApp