‘Este país jamais será irresponsável do ponto de vista fiscal’, reafirma Lula
Fala ocorre em momento que equipe econômica analisa gastos públicos; dólar fechou o dia a R$ 5,58
Brasília|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou, nesta quarta-feira (3), o compromisso do governo federal com a responsabilidade fiscal. “Estejam certos que a comida vai ficar barata e que este país jamais será irresponsável do ponto de vista fiscal”, disse durante cerimônia de lançamento do Plano Safra para 2024 e 2025. A fala ocorre em meio à análise dos gastos públicos feita pela equipe econômica e da alta do dólar. A moeda norte-americana chegou a R$ 5,70 nessa terça (2) e fechou em R$ 5,56 nesta quarta (3). Mais cedo, Lula declarou que responsabilidade fiscal é um compromisso do Executivo.
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“Estou aqui lançando o mais importante Plano Safra para a agricultura brasileira e você vem me perguntar de uma coisa que não estou acompanhando?”, respondeu o petista, ao ser questionado por jornalistas sobre a movimentação do dólar nos últimos dias.
“Eu não tenho um dia de experiência, tenho 10 anos na Presidência da República. Depois do Dom Pedro 2 e do Getúlio Vargas, eu sou o presidente com mais experiência. O país tem que estar calmo, porque tudo está acontecendo favoravelmente ao país. Se você tem um desarranjo qualquer, só tem que consertar”, completou o presidente, depois do lançamento do Plano Safra para 2024 e 2025.
Lula se reuniu na manhã desta quarta (3) com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no Palácio da Alvorada, em Brasília. A princípio, o encontro não constava nas agendas oficiais. Haddad chegou à residência oficial da Presidência da República por volta das 8h20.
O encontro durou pouco mais de uma hora. Foi a primeira reunião de Lula com Haddad nesta quarta-feira. Depois da agenda, o ministro da Fazenda afirmou que o câmbio vai acomodar as medidas tomadas pelo governo, ao ser perguntado sobre medidas para conter a alta do dólar.
Agenda
No fim da tarde, o ministro da Fazenda volta a se reunir com Lula. Desta vez, as ministras Simone Tebet (Planejamento) e Esther Dweck (Gestão) também participam. O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, também estará presente.
A expectativa é de que sejam discutidas medidas para conter a alta do dólar e a revisão de gastos públicos. “É um absurdo. Obviamente, a subida do dólar me preocupa, mas é uma especulação. Há um jogo de interesse especulativo contra o real. Tenho conversado com as pessoas sobre o que vamos fazer. Estou voltando quarta-feira e teremos essa reunião. Não é normal o que está acontecendo”, afirmou o presidente em entrevista a uma rádio de Salvador (BA) na terça-feira (2).
Dólar
Recentemente, Lula criticou o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e a política monetária da instituição. O presidente sugeriu que Campos Neto tem um viés político. Além disso, o petista mencionou que o preço do dólar tem subido devido a processos de especulação financeira e sugeriu que o Banco Central investigasse essa questão.
A disparada do dólar, que começou em junho, se mantém nos primeiros dias de julho. A moeda bateu R$ 5,70 na terça-feira (2), após ter fechado, no dia anterior, a R$ 5,64, maior valor em dois anos e meio. Com isso, a alta acumulada chega a 6,43% em junho e 15,14% no primeiro semestre, o maior salto neste ano entre os países emergentes e também a mais alta variação ante o real desde 2020.
Oficialmente, Haddad diz que o encontro desta tarde será exclusivamente para tratar de questões fiscais. “Nossa agenda com o presidente amanhã é exclusivamente fiscal. Aqui na Fazenda, estamos trabalhando em uma agenda fiscal para apresentar propostas para o cumprimento do arcabouço 2024, 2025 e 2026″, afirmou.