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R7 Brasília

Flávio Bolsonaro critica Lula por defender financiamento do BNDES a países vizinhos alinhados ao PT

Senador chamou proposta de 'caridade com chapéu alheio'; ditaduras de Cuba e Venezuela têm histórico de inadimplência

Brasília|Do R7

Senador Flavio Bolsonaro durante o Prêmio Marechal Rondon de Comunicações, no Palácio do Planalto
Senador Flavio Bolsonaro durante o Prêmio Marechal Rondon de Comunicações, no Palácio do Planalto

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) criticou as afirmações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de que se esforçarão para que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) volte a financiar projetos em países do continente sul-americano. No passado, o órgão liberou recursos para países investigados pela Lava Jato e há histórico de inadimplência. 

Em resposta a Lula, Flávio Bolsonaro chamou a proposta de "caridade com o chapéu alheio". "Querem transformar o BNDES no que ele era antes do governo Bolsonaro, um ralo de dinheiro público. É no mínimo temerário deixar que esses empréstimos e financiamentos sejam feitos como nas primeiras gestões do PT, sem critérios técnicos e sem garantias reais. Empréstimo por amizade é doação e é também irresponsabilidade. Os nossos cofres públicos têm prioridades mais urgentes do que agradar amigos e parceiros ideológicos", declarou o senador, em nota.

O BNDES, durante governo do PT, financiou construtoras brasileiras em países da América Latina e África que foram foco de investigações da operação Lava Jato. Lula deu a declaração durante um encontro com o presidente argentino, Alberto Fernández, em Buenos Aires. Os dois participaram de uma agenda com empresários dos dois países.

A afirmação do presidente Lula faz lembrar os empréstimos do BNDES anteriores feitos em favor das ditaduras de Cuba e da Venezuela. Empréstimos concedidos pela instituição para a execução de obras nos dois países durante os governos Lula e Dilma atingiram R$ 10,9 bilhões.


Entre 2007 e 2015, durante os governos do PT, Venezuela e Cuba receberam do BNDES R$ 11 bilhões em empréstimos.

Apesar das condições facilitadas, a partir de janeiro de 2018 houve inadimplência nos pagamentos dos dois países, e o banco acabou acionando o seguro do FGE (Fundo de Garantia à Exportação), uma medida para cobrir calotes em operações de empresas nacionais fora do país. A dívida de Cuba e a da Venezuela com o BNDES é de cerca de R$ 3,539 bilhões (US$ 682 milhões). Os contratos de financiamento foram realizados para obras do Estaleiro Astialba, Metrô Caracas/Los Teques, projeto de saneamento e Siderúrgica Nacional.


No domingo (22), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o governo brasileiro estuda alternativas para driblar as restrições de divisas da Argentina e aumentar o comércio entre os dois países, o que pode passar pelo uso de uma moeda comum para transações comerciais, embora ainda não haja uma definição.

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“Está muito ruim (o comércio) e o problema é exatamente a divisa. É isso que a gente está quebrando a cabeça para encontrar uma solução. Alguma coisa em comum, alguma coisa que permita incrementar o comércio, porque a Argentina é um dos países que compram manufaturados do Brasil e a nossa exportação pra cá está caindo”, disse o ministro, ao desembarcar na capital argentina.


"Inveja do Brasil"

Interessado em financiamento do BNDES para exportar gás de xisto da região de Vaca Muerta, na Argentina, para o Brasil, o presidente argentino, Alberto Fernández, afirmou nesta segunda-feira que seu país tem "inveja" do banco público brasileiro. "Eu não sei o que acontece no Brasil, mas aqui na Argentina nós só temos inveja do BNDES. É uma ferramenta de crescimento sensacional que soube ser aproveitada durante longos anos", declarou o líder estrangeiro após encontro com o presidente Lula.

Segundo Fernández, ele e Lula têm a mesma visão sobre o papel dos bancos públicos. "Temos que licitar imediatamente a segunda parte do gasoduto para aproveitar a inércia da construção da primeira etapa e tratar rapidamente de chegar a esse ponto de união e transpassar o gás de que o Brasil precisa. E mais quando os dois países estão sofrendo o declínio na produção de gás da Bolívia", disse Fernández. "A decisão de que o BNDES faça financiamentos está nas mãos do Brasil", acrescentou.

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