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Lula condenou atos do Hamas e quer paz, diz Alckmin sobre crise com Israel

Presidente brasileiro foi considerado 'persona non grata' por Israel após comparar ações de defesa israelense ao nazismo

Brasília|Plínio Aguiar, do R7, em Brasília

Geraldo Alckmin e Lula na Base Aérea de Brasília
Geraldo Alckmin e Lula na Base Aérea de Brasília Ricardo Stuckert/PR

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, afirmou nesta segunda-feira (19) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva condenou e classificou como terrorismo as ações do grupo terrorista Hamas e que quer paz. A declaração ocorre após o petista ser considerado por Israel como "persona non grata" pelas falas em que comparou as ações de defesa israelense no conflito contra o grupo terrorista Hamas ao nazismo.

"O presidente Lula deixou claro duas coisas. A primeira é que o ato do Hamas foi um ato terrorista. E segundo que ele defende a paz. O que ele quer é a paz, que haja um cessar-fogo, no sentido de busca pela paz", disse Alckmin. "De um lado, deixou claro que a ação do Hamas foi uma ação terrorista. Isso eu ouvi dele em vários pronunciamentos. E, de outro lado, que precisamos de paz", acrescentou.

As declarações foram dadas por Alckmin após evento em São Paulo. "Aliás, o Brasil é um país que não tem litígio com ninguém e promotor da paz. O que se quer, que se busca, que se acelere, aí a tarefa da ONU [Organização das Nações Unidas], dos organismos multilaterais, de todos poderem ajudar para se buscar um entendimento que poupe vidas, de crianças, enfim."

Mais cedo, Lula chamou diversos ministros e membros do governo para uma reunião no Palácio da Alvorada, em Brasília. Estavam presentes no encontro Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social), Jorge Messias (Advocacia-Geral da União), Celso Amorim (Assessor Especial), Marco Aurélio Santana Ribeiro (chefe de gabinete) e Fernando Igreja (cerimonial).


Lula deu declarações polêmicas depois da participação na 37ª Cúpula de Chefes de Estado e Governo da União Africana, em Adis Abeba, capital da Etiópia. "O que está acontecendo na Faixa de Gaza, com o povo palestino, não existiu em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu. Quando Hitler decidiu matar os judeus", afirmou o petista na ocasião. 

Após o episódio, o ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, informou nesta segunda-feira (19) que o presidente é considerado "persona non grata" no país até que haja uma retratação sobre as declarações feitas pelo chefe brasileiro. 


"Não perdoaremos e não esqueceremos — em meu nome e em nome dos cidadãos de Israel. Informei ao presidente Lula que ele é uma personalidade indesejável em Israel até que ele peça desculpas e se retrate de suas palavras", disse o israelense.

Depois da declaração de Lula, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, criticou as declarações do presidente e afirmou que a declaração é vergonhosa e grave e disse que o ministro das Relações Exteriores, Israel Katz, convocaria o embaixador brasileiro em Israel, Frederico Meyer, para uma "dura conversa de repreensão".


"Trata-se de banalizar o Holocausto e de tentar prejudicar o povo judeu e o direito de Israel se defender. Comparar Israel ao Holocausto nazista e a Hitler é cruzar uma linha vermelha. Israel luta pela sua defesa e pela garantia do seu futuro até à vitória completa e fará isso ao mesmo tempo, em que defende o direito internacional", declarou nas redes sociais.

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O presidente de Israel, Isaac Herzog, foi às redes sociais para dizer que condena veementemente a declaração na qual o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, compara a ação militar israelense na Faixa de Gaza ao Holocausto. Herzog disse que há uma "distorção imoral da história" e apela "a todos os líderes mundiais para que se juntem a mim na condenação inequívoca de tais ações".

Entidades e organizações também criticaram a declaração de Lula. A Conib (Confederação Israelita do Brasil) repudiou a fala. A instituição classificou a afirmação como "distorção perversa da realidade que ofende a memória das vítimas do Holocausto e de seus descendentes".

"Os nazistas exterminaram 6 milhões de judeus indefesos na Europa somente por serem judeus. Já Israel está se defendendo de um grupo terrorista que invadiu o país, matou mais de mil pessoas, promoveu estupros em massa, queimou pessoas vivas e defende em sua Carta de fundação a eliminação do Estado judeu", diz a Conib.

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