Mee Too vai ao Supremo contra Silvio Almeida por suposta difamação
Segundo a organização, o ex-ministro acusou, sem provas, a ONG de tentar interferir no processo de licitação do Disque Direitos Humanos
A ONG Me Too Brasil e a diretora Marina Ganzarolli apresentaram ao STF (Supremo Tribunal Federal) uma queixa-crime por suposta difamação contra Silvio Almeida, ex-ministro dos Direitos Humanos e Cidadania. Procurada, a defesa de Silvio Almeida decidiu não responder, por desconhecer o teor da ação. Apesar disso, pontuou que “Silvio jamais afirmou que a ONG fraudou licitação” e que a Me Too “segue sem explicitar os seus métodos” (leia a nota na íntegra ao final da matéria).
O processo está sob relatoria da ministra Cármen Lúcia. Almeida é investigado por suspeita de assédio e importunação sexual. Em fevereiro, o ministro do STF André Mendonça atendeu o pedido da Polícia Federal e prorrogou o inquérito sobre o caso.
Segundo a organização, o ex-ministro acusou, sem provas, a ONG de tentar interferir no processo de licitação do Disque Direitos Humanos, dando a entender que poderia haver um possível superfaturamento.
“Silvio Almeida partiu em verdadeira cruzada voltada à desmoralização e achincalhamento da querelante perante a opinião pública, acreditando que, ao desmoralizar a organização que atendeu as vítimas, descredibilizaria os relatos das mulheres que a procuraram. Essa postura, comum entre acusados de crimes sexuais, visa desmoralizar as vítimas e atacar quem traz à tona os abusos, com o claro e inaceitável intuito de desviar o foco da apuração dos fatos”, sustentou a ONG.
Para a organização, as declarações do ex-ministro ultrapassam os limites da liberdade de expressão.
“Os fatos desonrosos imputados configuram evidentes danos à imagem pública e reputação do ME TOO BRASIL, que são significativamente amplificados com a forma pela qual as acusações foram proferidas: na internet, para milhares de pessoas, a partir de uma disseminação imediata”.
O ex-ministro saiu do governo em setembro do ano passado após denúncias de diversas mulheres virem à tona por meio da ONG Me Too, entre elas a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. O ex-ministro nega as acusações.
Na época, o presidente Lula disse que, diante das acusações, era insustentável a permanência dele no governo. Com a demissão dele, a pasta passou a ser comandada pela professora Macaé Evaristo.
Nota defesa de Sílvio Almeida
Em relação à queixa-crime mencionada, desconhecemos o teor e, por isso, declinamos, por ora, de responder.
De todo modo, Sílvio jamais afirmou que a ONG fraudou licitação. Na realidade, Silvio fez referência a tentativas de contatos informais feitos por representantes da ONG para tratar do contrato do disque 100, conduta no mínimo inapropriada, e que efetivamente ocorreu.
Por fim, chama atenção o fato de que a ONG segue sem explicitar os seus métodos, questionados por Silvio Almeida e por diversos meios de comunicação, desviando o foco e lançando ofensiva contra Silvio Almeida.