Presidente da COP30 faz apelo por ‘mutirão global’ contra mudanças climáticas
Em lançamento de carta, Lago afirma que convidará lideranças da COP21 à COP29 para formar ‘círculo de presidências’
Brasília|Do R7, em Brasília

O embaixador André Corrêa do Lago, secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Itamaraty e presidente da COP30 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima), fez um apelo para que seja criado um “mutirão global” contra as mudanças climáticas.
A fala ocorreu nesta segunda-feira (10), durante entrevista coletiva para lançar a carta sobre a cúpula. O evento será realizado em novembro de 2025, em Belém (PA).
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“A presidência da COP30 convida a comunidade internacional a se juntar ao Brasil em um mutirão global contra a mudança do clima, um esforço global de cooperação entre os povos para o progresso da humanidade”, afirmou.
O embaixador relatou que a COP30 vai trabalhar em “estreita colaboração” com o secretário-geral da ONU, António Guterres, para aumentar a conscientização sobre o clima e o impulso político em torno das NDCs (sigla em inglês para contribuição nacionalmente determinada).
“Promover a integridade da informação sobre mudança do clima e para fomentar a mobilização pública, inclusive no contexto da parceria entre o secretário-geral Guterres e o presidente Lula”, disse.
Na carta, Lago cita ações para “canalizar a sabedoria coletiva”. Segundo ele, uma das medidas é convidar todas as lideranças da COP21 à COP29 para formar um “círculo de presidências”.
“O círculo de presidências ajudará a garantir que a COP30 honre e sintetize os legados das COPs anteriores, ao mesmo tempo que reflete sobre a agenda em andamento e o futuro do nosso processo e da governança climática global”, ressaltou.
O presidente da COP informou ainda que haverá um espaço para os povos tradicionais. “Convidaremos líderes entre os povos indígenas para formar um círculo de liderança indígena para aumentar sua representação e garantir que os conhecimentos e a sabedoria tradicionais sejam integrados à inteligência coletiva global”, afirmou.
Epicentro da crise climática
O documento ressalta que a conferência em Belém será “a primeira a ocorrer indiscutivelmente no epicentro da crise climática e a primeira a ser sediada na amazônia, um dos ecossistemas mais vitais do planeta e que, segundo cientistas, agora corre o risco de atingir um ponto de inflexão irreversível”.
Em janeiro, o governo federal anunciou a destinação de R$ 1,3 bilhão em investimentos na capital paraense. Nesse sentido, os recursos serão investidos por meio de convênio entre a Itaipu Binacional, Governo do Pará e a Prefeitura de Belém para revitalizar a cidade, envolvendo qualificação de vias, aumento da rede de esgotamento sanitário, revitalização do Complexo do Ver-o-Peso, entre outras.
No ano passado, Lula garantiu que o governo federal “não vai medir esforços para ajudar tanto a prefeitura de Belém quanto o governo do estado” na preparação para receber o evento, o primeiro do tipo na região amazônica. “Vamos ter que melhorar muito os serviços básicos da cidade para fazer as coisas acontecerem”, destacou na ocasião.
Estados Unidos e o Acordo de Paris
Em seu primeiro dia de mandato, Donald Trump decidiu que vai retirar os Estados Unidos da Organização Mundial da Saúde e do acordo climático de Paris, que adota medidas para reduzir a emissão de gases do efeito estufa. O republicano revogou, nesta segunda (20), 78 decretos assinados por Joe Biden nos últimos quatro anos. O ato é visto como algo negativo por especialistas.
Além disso, Trump foi convidado para participar da COP30. O convite partiu do governador do Pará, Helder Barbalho, que é aliado de Lula. “Os Estados Unidos são a maior potência econômica mundial, o maior parceiro do Brasil nas Américas. Saudamos a posse do presidente Donald Trump e esperamos contar com sua presença na COP30 para discutir o futuro do planeta”, escreveu o paraense.
As ações em torno da COP30 estão concentradas em uma secretaria extraordinária criada por Lula. O órgão está sob o guarda-chuva da Casa Civil e funcionará até junho de 2026. A finalidade é “coordenar, articular, orientar e monitorar” as atividades da União, do Governo do Pará e da Prefeitura de Belém para a realização da conferência junto à ONU.