Moraes nega pedido de liberdade a chefe de operações da PM do DF no 8 de Janeiro
Coronel Jorge Naime foi preso pela PF em fevereiro, na Operação Lesa Pátria; ele estava de licença no dia dos ataques, diz defesa
Brasília|Gabriela Coelho, do R7, em Brasília
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, negou na sexta-feira (6) pedido de liberdade do coronel Jorge Naime, que chefiava o departamento de operações da Polícia Militar do Distrito Federal no dia dos ataques de extremistas às sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro. Naime era o responsável pelo planejamento das operações quando manifestantes invadiram e depredaram o Palácio do Planalto, o Congresso e o STF.
O coronel foi preso pela Polícia Federal no dia 7 de fevereiro, na quinta fase da Operação Lesa Pátria, que investiga os atos extremistas. A defesa de Naime alega que ele não era o responsável pela segurança da sede dos Poderes e que estava afastado de suas funções entre os dias 3 e 8 de janeiro “em razão de esgotamento físico e mental” e que entraria em férias em seguida.
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Em sua decisão, entretanto, Moraes diz que a evolução das investigações “indica a necessidade de manutenção da prisão cautelar, uma vez que, em liberdade, poderia obstar a produção probatória, em especial, em face da possibilidade de destruição/ocultação de provas, bem como com eventual comunicação com outros investigados que surgiram ao longo da produção probatória realizada pela Polícia Federal”.
Em um depoimento que durou cerca de seis horas na CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do 8 de Janeiro, no fim de junho, Naime afirmou que a corporação não recebeu informações sobre a gravidade das manifestações na Praça dos Três Poderes.
O policial também disse que havia um plano de operações para a manifestação. Ele afirmou que às 10h de 8 de janeiro a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) tinha informações detalhadas sobre as manifestações, mas que as "providências não foram tomadas".
"Ou as agências de informação não passaram isso para o secretário nem para o comando geral, ou passaram e eles ficaram inertes, não tomaram providências, porque eles tiveram cinco horas para tomar providência a partir do momento em que receberam a informação."
Naime assumiu a chefia do Departamento Operacional da Polícia Militar após 28 anos na corporação. Ele foi exonerado do cargo no dia 10 de janeiro, após o interventor Ricardo Cappelli assumir a responsabilidade de restabelecer a ordem na capital federal.