Na CPMI, delegado associa plano de explosão do aeroporto com tentativa de invasão à PF
Em depoimento, Leonardo de Castro afirmou que dois acusados de tentar explodir bomba também tentaram invadir sede da PF
Brasília|Hellen Leite, do R7, em Brasília
Em depoimento na CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do 8 de Janeiro, nesta quinta-feira (22), o delegado da Polícia Civil Leonardo de Castro traçou a cronologia da tentativa de explosão de um caminhão perto do Aeroporto Internacional de Brasília, no dia 24 de dezembro. Segundo ele, o fato está diretamente ligado à tentativa de invasão da sede da Polícia Federal, em 12 de dezembro, no dia da diplomação de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como presidente da República.
Na ocasião, um grupo de vândalos se reuniu em frente à sede da PF e tentou invadir o prédio. Como foram impedidos, eles começaram uma manifestação nas ruas, queimaram carros e ônibus e atacaram soldados da Polícia Militar, arremessando pedras e pedaços de madeira.
"Naquela ocasião, começamos as diligências, coletamos imagens, o trabalho foi feito de forma ininterrupta. Na madrugada, protocolamos dois pedidos de prisão temporária, com nove pessoas identificadas. Dois dos envolvidos [na tentativa de explosão do aeroporto] estavam no ataque à sede da PF", afirmou Castro. Ele se refere aos investigados Alan Diego dos Santos, que está preso, e Welington Macedo, que está foragido.
A relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), se referiu ao episódio do dia 24 de dezembro como um evento de conteúdo terrorista, com o objetivo de destruir a democracia brasileira. Ela elogiou a celeridade da investigação feita pela Polícia Civil do DF, ressaltando, no entanto, que ainda há dúvidas sobre o financiamento e sobre a participação de outras pessoas na tentativa de explosão do caminhão de combustível.
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Na mesma reunião, também vão ser ouvidos dois peritos da Polícia Civil, Renato Martins Carrijo e Valdir Pires Dantas Filho, além do empresário George Washington, condenado por planejar a tentativa de ataque com bomba.
Tentativa de explosão no aeroporto de Brasília
Carrijo, perito de plantão no dia em que extremistas tentaram explodir a bomba, detalhou como o artefato foi encontrado e desativado. Segundo ele, o explosivo estava junto a uma carreta que transportava cerca de 60 mil litros de combustível para aviões. Ele também afirmou que o artefato tinha um sistema de acionamento a distância, que chegou a ser usado; no entanto, a bomba não explodiu.
"A combinação de explosivos é normalmente encontrada para uso industrial, em pedreiras, para rompimento de rochas, na construção civil ou utilizada para a abertura de túneis", detalhou. Ainda segundo Carrijo, o elemento encontrado com George Washington tem venda restrita e é controlado pelo Exército, que só distribui o material a empresas.
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Carrijo foi responsável por fazer quatro laudos que foram anexados ao processo sobre o caso que corre na Justiça. Apesar de a bomba não ter explodido, estudos estimam que a onda de choque da explosão poderia projetar fragmentos a até 300 metros de distância.
"O estudo que a gente fez é hipotético, mas avaliamos três cenários possíveis: o primeiro seria o artefato explodir e não romper o casco do reservatório [do caminhão]; o segundo seria o rompimento do casco do caminhão, o que poderia causar um incêndio; e o terceiro seria o incêndio gerar um superaquecimento do reservatório e causar uma explosão. Apesar de ser o menos improvável, esse seria o cenário mais danoso", afirmou o perito Valdir Pires Dantas Filho, que fez a varredura do local onde o explosivo foi encontrado.
Como foi a tentativa de ataque
Nas primeiras horas de 24 de dezembro de 2022, as forças de segurança de Brasília foram acionadas, por meio de uma denúncia anônima, após câmeras de segurança do aeroporto flagrarem o motorista de um caminhão deixando uma caixa perto de um caminhão-tanque e ir embora.
A via principal de acesso ao aeroporto foi, então, bloqueada, em uma operação conjunta do Corpo de Bombeiros do DF, das polícias Militar e Civil da capital do país e da Polícia Federal, com agentes do esquadrão antibombas. As autoridades fizeram uma explosão controlada, a fim de desativar o explosivo.
As investigações da 8ª Vara Criminal de Brasília apontaram o envolvimento de três pessoas no atentado. Além de Washington, foi condenado Alan Diego dos Santos, que recebeu uma pena de cinco anos e quatro meses de prisão. Wellington Macedo de Souza continua foragido.