População em situação de rua cresce dez vezes em uma década, diz Ipea; total é de quase 200 mil
Estudo estima que existissem 198.101 pessoas nessas condições no país em 2022, contra 21.934 em 2013
Brasília|Plínio Aguiar, do R7, em Brasília
A população em situação de rua cresceu quase dez vezes em uma década, de acordo com um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Segundo a publicação, estima-se que existissem 198.101 pessoas em situação de rua no país em 2022, contra 21.934 em 2013. O crescimento acompanha o aumento dos registros do CadÚnico, segundo os pesquisadores.
Erramos: Esta reportagem foi originalmente publicada com dados do Ipea desatualizados. O texto foi corrigido às 16h58.
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O CadÚnico é um instrumento coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento Social, Família e Combate à Fome cujo objetivo é identificar e caracterizar as famílias de baixa renda. Trata-se de um pré-requisito para a participação em programas sociais do governo, como o Bolsa Família, e em serviços disponibilizados pela União.
"Nota-se que o CadÚnico serve não apenas como passaporte para políticas sociais, mas também como instrumento estratégico de diagnóstico, uma vez que permite a tabulação e atualização contínua das características socioeconômicas dos públicos nele incluídos, como escolaridade, localização geográfica, raça, cor etc.", afirma o autor do estudo, o pesquisador Marco Antônio Carvalho Natalino.
"O planejamento de ofertas de serviços públicos, incluindo as dotações orçamentárias, as alocações de recursos humanos, a construção de novos espaços de acolhimento, acaba correndo atrás de uma realidade que segue em expansão e que demanda cada vez maior atenção, sob risco de grave violação de direitos básicos de cidadania", ressalta o pesquisador do Ipea.
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Carvalho acrescenta que o mesmo vale para outros "braços" do Poder Público junto à população. "A atuação das defensorias, dos órgãos emissores de documentos civis e das atividades de zeladoria urbana. Rever tal estado de coisas, ou mesmo desacelerar a atual tendência de crescimento, é um desafio imenso, mas também um imperativo inescapável, que passa necessariamente pela política habitacional."