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R7 Brasília

‘Queremos fazer uma política de ganha-ganha’, diz Lula sobre acordo Mercosul-UE

Presidente reitera críticas a exigências dos europeus na questão climática e diz que sul-americanos não podem ser ameaçados

Brasília|Augusto Fernandes, do R7, em Brasília

Lula (PT) em viagem a Porto Iguazú, Argentina
Lula (PT) em viagem a Porto Iguazú, Argentina

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta terça-feira (4) que o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia deve ser bom para os dois blocos e espera que o tratado seja uma “política de ganha-ganha” para todos. Negociado desde 1999, o acordo está em fase de revisão, mas há entraves por parte dos europeus na questão ambiental e sobre compras governamentais, com os quais Lula não concorda.

“Queremos fazer uma política de ganha-ganha. A gente não quer fazer uma política que eles ganhem e a gente perca. Eles fizeram uma proposta, fizemos uma resposta, eles mandaram uma carta para nós impondo algumas condições. Nós não aceitamos a carta, e agora estamos preparando outra resposta. Vamos a Bruxelas discutir com a União Europeia e precisamos ter uma resposta do que nós queremos para consolidar o acordo”, comentou o presidente em live nas redes sociais.

A carta adicional citada por Lula foi enviada pela União Europeia ao Mercosul em março deste ano, e no documento os europeus exigiram mais compromissos ambientais por parte de Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai para finalizar o tratado. Além disso, o texto formulado pela União Europeia impõe sanções em caso de descumprimento de metas, mas só para o lado sul-americano.

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Lula diz que o documento é inaceitável. “Nós não queremos imposição para cima de nós. É um acordo de companheiros, de parceiros estratégicos. Então, nada de um parceiro estratégico colocar a espada na cabeça do outro. Vamos sentar, vamos tirar nossas diferenças e vamos ver o que é bom para os europeus, para os latino-americanos, para o Mercosul e para o Brasil”, frisou.


Nesta terça, Lula vai receber o comando do Mercosul em Puerto Iguazú, na Argentina. A presidência do bloco vai ficar por seis meses com o Brasil. Na reunião, o presidente pretende abordar o acordo com a União Europeia. Lula quer evitar, sobretudo, que sejam estabelecidas punições que não estão previstas nem em acordos sobre o clima que União Europeia e Mercosul já assinaram.

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“Para todos eles [líderes da União Europeia], eu disse que a carta era inaceitável tal como foi escrita. Era e é inaceitável. Você não pode imaginar que um parceiro comercial seu pode impor condições. ‘Se você não fizer tal coisa, vou te punir.’ Acontece que países ricos não cumprem nenhum dos acordos [climáticos]. Não cumpriram o Protocolo de Kyoto, as decisões de Copenhagen, não conseguiram cumprir a decisão do Rio-92 e não vão cumprir a questão do Acordo de Paris.”


Além da questão do clima, Lula não quer mudanças nas regras de compras públicas. Segundo ele, o governo não pode ser impedido de fazer licitações com empresas nacionais, pois, ao adquirir produtos do próprio país, o governo incentiva a indústria local. De acordo com o presidente, se o Brasil for obrigado a comprar do exterior, isso seria o fim de pequenos e médios empreendimentos.

“Se a gente abrir mão das empresas brasileiras para comprar das empresas estrangeiras, a gente simplesmente vai matar pequenas e médias empresas brasileiras e pequenos e médios empreendedores. Vamos matar muitos empregos aqui no Brasil.”

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