Reaproximação com os EUA abre perspectivas, mas avanços concretos ainda são incertos
Após encontro entre Trump e Lula, a expectativa é de que um acordo sobre as tarifas seja fechado em breve
Brasília|Giovana Cardoso, do R7, em Brasília
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O encontro entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump elevou as expectativas de aumento do saldo da balança comercial brasileira, além de ter aumentado o otimismo da indústria e do agro.
Após meses de tensão, os líderes dos dois países se encontraram na Malásia no último domingo (26) para tentar um acordo sobre as tarifas comerciais aplicadas aos produtos brasileiros.
Em abril deste ano, Trump anunciou que os itens do Brasil importados pelos Estados Unidos seriam taxados em 10%. Meses depois, o americano acrescentou uma tarifa de 40%, o que elevou o percentual para 50%. O tarifaço de 50% está em vigor desde o início de agosto.
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Apesar das reações positivas no mercado com a reunião entre Trump e Lula, o advogado especialista em comércio internacional Gilvan Brogini entende que, até o momento, o que deve ser comemorado é o reestabelecimento do diálogo entre os países, visto que o resultado das negociações seguem como especulações.
“O que deve ser comemorado, a meu ver, é o restabelecimento dos canais de diálogo, que abrem perspectivas de boas negociações. No entanto, desse ponto até um eventual ‘acordo’ ainda há muito caminho a percorrer. Até porque ainda não se sabe o que será, de fato, colocado sobre a mesa”, comenta.
A analista de comércio internacional Ana Paula Abritta explica que, embora um acordo comercial com os EUA seja potencialmente positivo, é importante que o governo brasileiro faça escolhas no processo de negociação, valorizando a diversificação de mercados, principalmente para mitigar riscos e aproveitar novas oportunidades.
“Ainda que promissor, não é prudente depender exclusivamente do mercado americano. A diversificação continua sendo uma estratégia importante para mitigar riscos e aproveitar novas oportunidades. Acompanhar a evolução das negociações, participando de debates com associações de classe e especialistas é fundamental para os negócios. O início das conversas é animador, mas ainda é cedo para comemorar”, pontua.
Redirecionamento do mercado
Com o tarifaço de Trump, boa parte dos exportadores precisou avaliar as novas taxas, o que causou um redirecionamento do comércio internacional.
No início das tarifas, o governo federal passou a mapear novos países para os produtos agropecuários que deixaram de ser exportados para os EUA. Com isso, houve abertura de novos mercados e ampliação de fluxos comerciais para destinos para os quais os produtos já são exportados.
Para Abritta, o momento é propício para revisão de metas e acordos existentes feitos por exportadores. Ela explica que, com a aproximação de Brasil e EUA, pode ser necessário que as negociações exijam ajustes nas estratégias de exportação.
“Estar preparado para adaptar produtos e serviços aos padrões e exigências do mercado americano, bem como às novas tarifas, é fundamental. Tarifas mais baixas podem ser esperadas, mas nem todas regressarão aos patamares anteriores”, destaca.
Como reagiu a indústria brasileira ao encontro dos presidentes
A CNI (Confederação Nacional da Indústria) avaliou o encontro como “positivo” e um “avanço concreto” no diálogo entre os dois países.
O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil celebrou a reunião e afirmou que aguarda “por resultados concretos para a isenção das tarifas atualmente aplicadas ao setor do café”.
Em nota, a Abicalçados (Associação Brasileira das Indústrias de Calçados) disse ver “com bons olhos os avanços nas negociações”, mas ressaltou que segue com um “otimismo comedido neste momento, esperando que medidas concretas sejam tomadas nos próximos dias”.
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