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Saiba como delegado envolvido no caso e irmãos suspeitos de mandar matar Marielle Franco foram presos

Operação localizou Chiquinho Brazão, Domingos Brazão e Rivaldo Barbosa no Rio de Janeiro, nesse domingo; crime ocorreu em 2018

Brasília|Ana Isabel Mansur, Gabriela Coelho e Rossini Gomes, do R7, e Isabella Macedo e Thiago Nolasco, da RECORD

Chiquinho e Domingos Brazão e Rivaldo Barbosa
Chiquinho e Domingos Brazão e Rivaldo Barbosa Chiquinho e Domingos Brazão e Rivaldo Barbosa (Câmara dos Deputados/Divulgação/arquivo — Flickr/Domingos Brazão/15.06.2011 — Fernando Frazão/Agência Brasil/arquivo)

A investigação sobre a morte da vereadora Marielle Franco e do motorista dela, Anderson Gomes, chegou ao fim nesse domingo (24), seis anos depois do crime, que ocorreu em 14 de março de 2018, no Rio de Janeiro. O anúncio foi feito pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, após a prisão de três homens suspeitos de ordenar e planejar a execução.

Os envolvidos foram presos numa operação da PF (Polícia Federal), com participação da Procuradoria-Geral da República e do Ministério Público do Rio de Janeiro, depois da delação do acusado de executar o crime, o ex-policial militar Ronnie Lessa, que está preso. São eles:

• Chiquinho Brazão: suspeito de mandar matar Marielle e Anderson — ele é deputado federal pelo União Brasil do Rio de Janeiro e, à época do crime, era vereador e foi autor de uma lei que pode ter motivado o crime (leia mais abaixo).

Nesse domingo, a Comissão Executiva Nacional do União Brasil aprovou a expulsão de Chiquinho do partido. Além disso, o Ministério Público vai pedir que o Tribunal de Contas da União suspenda o salário do parlamentar. De acordo com o blog Quarta Instância, como o salário deste mês já foi pago, também haverá um pedido para restituir o valor proporcional à União.

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• Domingos Brazão: suspeito de mandar matar Marielle e Anderson — irmão de Chiquinho, ele é conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro e, à época do crime, era deputado estadual; e

• Rivaldo Barbosa: suspeito de ajudar a planejar o crime e de atrapalhar as investigações — ele é delegado da Polícia Civil do Rio de Janeiro e, um dia antes do crime, tomou posse como chefe da Polícia Civil no estado.

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Barbosa exigiu que Marielle não fosse assassinada durante o deslocamento para a Câmara Municipal do Rio de Janeiro, "pois tal fato destacaria a conotação política do homicídio, levando pressão às forças policiais para uma resposta eficiente". A afirmação consta no relatório da PF e foi feita durante a delação de Ronnie Lessa.

Cada suspeito numa penintenciária federal

Suspeitos chegaram em Brasília nesse domingo
Suspeitos chegaram em Brasília nesse domingo Suspeitos chegaram em Brasília nesse domingo ( TON MOLINA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO - 24.03.2024)

O trio chegou em Brasília na tarde desse domingo (24), passou no Instituto Médico Legal e foi levado à penitenciária federal da capital. A expectativa é que cada um fique num presídio de segurança máxima do país. As outras unidades são as de Porto Velho (RO) e Campo Grande (MS), mas ainda não foi informado em qual delas cada um ficará nem quando ocorrerá a transferência.

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No início da madrugada desta segunda-feira (25), o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes votou para manter a prisão do trio. O julgamento ocorre até as 23h59 desta segunda, de modo virtual, e envolve os magistrados da Primeira Turma do Supremo: Cármen Lúcia, Cristiano Zanin, Flávio Dino e Luiz Fux, além de Moraes, que preside o colegiado.

O que pode ter motivado o crime?

Marielle era contra projeto de lei de Chiquinho
Marielle era contra projeto de lei de Chiquinho Marielle era contra projeto de lei de Chiquinho (Marcelo Camargo/Agência Brasil - Arquivo)

A lei complementar municipal que teria motivado o crime regularizou 149 bairros da cidade do Rio de Janeiro que ficam em áreas de proteção ambiental e lotes desocupados, sem estudos nem planejamento, como destacou a decisão do TJRJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro) que a declarou inconstitucional.

A legislação, de autoria de Chiquinho, ainda incentivava a "especulação imobiliária de áreas dominadas por milícias". O projeto regularizava terrenos dominados pela milícia, e Marielle era contra o texto e considerada o principal ponto de resistência dentro da Câmara de Vereadores.

A lei foi aprovada, mas vetada pelo então prefeito Marcelo Crivella. O veto foi derrubado pelos parlamentares, o que motivou o MPRJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) a entrar com uma ação no TJRJ. O tribunal declarou a lei inconstitucional por "usurpar a função do chefe do Executivo e ferir a constituição do estado do Rio de Janeiro."

Promessa de gás, 'gatonet' e transporte para matar Marielle

Ronnie Lessa: acusado de matar Marielle e Anderson
Ronnie Lessa: acusado de matar Marielle e Anderson Ronnie Lessa: acusado de matar Marielle e Anderson (Reprodução/RecordTV)

Para matar a vereadora Marielle Franco, os irmãos Brazão ofereceram a Ronnie Lessa um loteamento no bairro Tanque, na Zona Oeste Rio de Janeiro, e "a exploração dos serviços típicos de milícia decorrentes da ocupação dos loteamentos, como exploração de 'gatonet', gás, transporte alternativo".

A promessa foi detalhada por Lessa à Polícia Federal, e os detalhes constam do relatório da corporação que resultou na prisão dos irmãos Brazão e do delegado Rivaldo Barbosa.

Segundo a PFo, a "torpeza" das condutas dos executores de Marielle e Anderson está diretamente ligada à promessa de recompensa: "a implementação e o comando de um grupo paramilitar em uma grande extensão de terras vinculada à família Brazão".

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