Suspeito de ligação com mortes do jornalista e do indigenista se entrega à polícia
Jeferson da Silva Lima, o 'Pelado da Dinha', estava foragido; dois irmãos já haviam sido presos após admitirem os crimes
Brasília|Renato Souza, do R7, em Brasília
A Polícia Civil do Amazonas prendeu na manhã deste sábado (18) o terceiro homem suspeito de envolvimento na morte do jornalista inglês Dom Phillips e do indigenista brasileiro Bruno Pereira. O suspeito é Jeferson da Silva Lima, conhecido como "Pelado da Dinha". Ele era considerado foragido pela polícia.
De acordo com nota divulgada pela Polícia Federal, que coordena a força-tarefa montada para elucidar o crime, Lima entregou-se na Delegacia de Polícia de Atalaia do Norte. Ele será interrogado e encaminhado para audiência de custódia.
Dois irmãos, Amarildo dos Santos, mais conhecido como "Pelado", e seu irmão, Osoney da Costa, já haviam sido presos como autores dos crimes. Amarildo teria confessado que matou o indigenista e o jornalista, esquartejou seus corpos e ateou fogo neles com a ajuda do irmão. Ele indicou à polícia o local onde os cadáveres foram enterrados.
Perícia feita pela Polícia Federal nos restos mortais encontrados na região confirmou que parte do material era do jornalista e, outra parte, do indigenista. A polícia ainda faz testes no Instituto de Criminalística Federal, em Brasília, para descobrir as cirscunstâncias dos crimes (veja vídeo abaixo).
Phillips e Pereira desapareceram na região do Vale do Javari, no Amazonas, no último dia 5. Eles partiram rumo à cidade de Atalaia do Norte, mas não chegaram ao destino. O jornalista e o indigenista, que era servidor licenciado da Funai, pretendiam realizar entrevistas para a produção de um livro e reportagens sobre invasões nas terras indígenas da região.
Região de conflitos
A Terra Indígena Vale do Javari é palco de conflitos que envolvem garimpo, extração de madeira, pesca ilegal e narcotráfico. Com 8,5 milhões de hectares, a região fica no extremo oeste do Amazonas, na fronteira com o Peru, e abriga ao menos 14 grupos isolados — a maior população indígena não contatada do mundo.
A área é a segunda maior terra indígena do país — atrás apenas da Yanomami, em Roraima, na divisa com a Venezuela, que tem 9,4 milhões de hectares — e tem acesso restrito, possível apenas por avião ou barco.