Zambelli retira apoio em ato pró-Dallagnol após ser criticada por aliados de Bolsonaro
A deputada chamou apoiadores para um protesto contra a cassação do ex-parlamentar, mas voltou atrás
Brasília|Bruna Lima, do R7, em Brasília
A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) se envolveu em uma polêmica e foi alvo de críticas por parte de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ao convocar apoio a um ato que contesta a cassação do ex-deputado Deltan Dallagnol (Podemos-PR). Sem alinhar o posicionamento com eles, Zambelli voltou atrás, "desconvidou" os apoiadores e admitiu: "Erramos em não conversar com Bolsonaro".
Em um vídeo publicado nas redes sociais, a parlamentar disse que o ex-presidente pediu para não fazer a manifestação. "Não consultaram o Bolsonaro sobre uma data e erraram. Estão me chamando de traidora, mas sei que não sou. Se Bolsonaro falou para não ir, não vamos. Mas não desistam do Dallagnol", disse.
O ato é organizado pelo Movimento Brasil Livre (MBL), alvo de críticas da própria deputada, que alegou omissão "em várias ocasiões" por parte do grupo. A justificativa de Zambelli para o apoio inicial seria a "manifestação sobre a liberdade e justiça não só por Deltan", mas pelo mandato de outros parlamentares que têm processos no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ela cita parlamentares do PL como Nikolas Ferreira (MG), Bia Kicis (DF), Flávio Bolsonaro (RJ), Eduardo Bolsonaro (SP) e Ricardo Salles (SP), além dela mesma.
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"A gente não pode deixar que o TSE casse o mandato de um deputado sem a gente mostrar uma insatisfação", completou.
Os aliados de Bolsonaro sugerem que o ex-mandatário não tem pretensão de travar um embate com o ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE, por um aliado que não fez forte apoio a ele durante o período eleitoral.
O assessor do ex-presidente Fábio Wajngarten foi um dos que se posicionaram contra o movimento descoordenado de Zambelli: "Faz-se mais do que necessário avaliar quem esteve de fato ao lado do governo nos últimos quatro anos antes de sair apoiando e promovendo manifestação oportunista. A direita teima em ser vagão e rebocada por quem nunca conseguiu ser locomotiva", escreveu.
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Em maio de 2023, o plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cassou o registro da candidatura do ex-procurador. Os ministros da corte entenderam que Dallagnol pediu a exoneração do cargo de procurador do Ministério Público para fugir de um julgamento no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) que poderia impedi-lo de concorrer às eleições do ano passado. Assim, os ministros consideraram que o ex-procurador da Lava Jato "frustrou a aplicação da lei".
Dallagnol quer recorrer judicialmente contra a decisão e chegou a se reunir com a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber. Não há mostras, por parte da Corte Suprema, de que vá reverter a decisão do TSE.