Brasil registrou 20 acidentes aéreos e oito mortes em 2025, diz painel da Força Aérea
O balanço já contabilizou os dados do acidente ocorrido nesta sexta, que deixou dois mortos
Cidades|Rafaela Soares, do R7, em Brasília

O Painel do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), da Força Aérea, mostra que o país registrou 20 acidentes aéreos, sendo quatro deles com óbitos. Além disso, o sistema indica que oito pessoas morreram em decorrência de ocorrências aeronáuticas. Os dados já consideram a queda de uma aeronave nesta sexta-feira (7), na zona oeste de São Paulo. Neste caso, uma aeronave de médio porte caiu sobre um ônibus na Barra Funda. Ao todo, duas pessoas morreram e seis precisaram de atendimento.
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Todas as informações são computadas pelo Cenipa, que é órgão responsável pela investigação de acidentes e indecentes aeronáuticos. Toda a apuração é feita de forma independente, visando prevenir novas ocorrências e melhorar a segurança de voo.
Uma ocorrência aérea é aquela que acontece entre o momento em que a aeronave está pronta para se movimentar, com a intenção de voar, até a parada total pelo término do voo, quando o sistema de propulsão é desligado. Para ser considerado um acidente, é necessário ocorrer, pelo menos, uma das situações abaixo:
- Uma pessoa sofre lesão grave ou falece como resultado de:
- Estar na aeronave;
- Ter contato direto com qualquer parte da aeronave, incluindo aquelas que dela tenham se desprendido;
- Ser submetida à exposição direta ao sopro de hélice, de rotor ou de escapamento de jato, ou às suas consequências.
Além disso, as lesões decorrentes de um acidente aeronáutico que resultem em óbito até 30 dias após a data da ocorrência são consideradas lesões fatais.
Acidente São Paulo
Um avião de médio porte, prefixo PS-FEM, caiu na avenida Marquês de São Vicente, na Barra Funda, na zona oeste de São Paulo, na manhã desta sexta-feira (7). A aeronave, que decolou do aeroporto Campo de Marte, atingiu um ônibus que estava na via. O avião ia para Porto Alegre (RS).
Ao menos duas pessoas morreram carbonizadas, segundo o capitão Melo, do Corpo de Bombeiros. Seis pessoas ficaram feridas: cinco estavam no ônibus, e um motociclista que passava pelo local e caiu na hora do acidente.
Todas as vítimas foram socorridas a hospitais de São Paulo e não correm risco de morte. Uma vítima que estava no ônibus e foi levada para a Santa Casa bateu a cabeça no interior do ônibus e está sob cuidados médicos.
O desastre ocorreu muito perto dos CTs (Centros de Treinamento) do Palmeiras e do São Paulo, que são vizinhos de muro.
Queda de aeronave
Supostamente, o piloto tentou pousar na avenida. Tanto o avião como o ônibus pegaram fogo, e os bombeiros atuaram no local. As chamas foram controladas por volta das 8h. O helicóptero Águia, da Polícia Militar, foi acionado para resgatar os feridos.
O médico do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) que atendeu a ocorrência se identificou apenas como Cléber e destacou a situação de saúde do condutor do coletivo.
“O motorista do ônibus está bem, não tem lesão, não tem trauma. Ele era o responsável pelo ônibus, então o estado psicológico dele não está bem. Todas as pessoas que atendemos estavam dentro do ônibus”, disse.
Uma coluna de fumaça preta se formou no céu da capital paulista. Há destroços da aeronave espalhados no asfalto. Uma testemunha informou à reportagem da RECORD que a aeronave deixou um rastro de fumaça no ar antes de tocar o solo.
A fiação aérea também ficou em chamas. A avenida foi totalmente interditada. Os investigadores do Cenipa compareceram ao local para a perícia e início da apuração das causas da tragédia.
Detalhes da aeronave
A aeronave que caiu na zona oeste de São Paulo é um turboélice, modelo KIng Air F90 da fabricante Beech Aircraft, produzido em 1981. O avião podia levar até oito pessoas, além do piloto.
Segundo o RAB (Registro Aeronáutico Brasileiro), da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), o avião pertencia à Máxima Inteligência Operações Estruturadas e Empreendimentos LTDA, sediada em Porto Alegre (RS).
Heroísmo do motorista do ônibus
O motorista do ônibus foi tratado como um herói pelos bombeiros. À repórter Maria Carolina Paz, da RECORD, os socorristas disseram que ele salvou a vida das vítimas. O condutor estava muito abalado, chorava bastante, mas não tinha ferimentos. Ele não quis conversar com a reportagem.
Sobreviventes do ônibus
O borracheiro Rafael Mendes da Silva estava no fundo do coletivo no momento da tragédia. Ele descreveu os momentos de pânico dentro do ônibus no momento da batida e afirmou que não deu tempo do motorista sequer avisar os passageiros.
“O avião caiu, enroscou a hélice [no coletivo] e começou a pegar fogo. As portas travaram. Tinham umas 20 pessoas, e todos saíram bem. Só uma pessoa se machucou. [...] As portas travaram. Tivemos que quebrar os vidros. Era um ajudando o outro. A senhora está mais grave, cortou o pescoço. A maior parte está bem”, afirmou.
Confirmação da FAB
Em nota, a Força Aérea Brasileira confirmou o acidente com a aeronave prefixo PS-FEM na Barra Funda, na zona oeste de São Paulo. Veja a nota na íntegra:
“A Força Aérea Brasileira (FAB) informa que, nesta sexta-feira (07/02), investigadores do Quarto Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SERIPA IV), órgão regional do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), localizado em São Paulo (SP), foram acionados para realizar a Ação Inicial da ocorrência envolvendo a aeronave de matrícula PS-FEM, em Barra Funda (SP).
Na Ação Inicial são utilizadas técnicas específicas, conduzidas por pessoal qualificado e credenciado que realiza a coleta e a confirmação de dados, a preservação dos elementos, a verificação inicial de danos causados à aeronave, ou pela aeronave, e o levantamento de outras informações necessárias à investigação."