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Alta dos juros nos EUA, guerra e inflação mundial devem impactar taxa Selic

Copom define o novo índice nesta semana; cenário desfavorável no mundo deve, segundo especialistas, influenciar a economia nacional

Economia|Hellen Leite, do R7, em Brasília

Inflação avança e impacta no bolso dos brasileiros
Inflação avança e impacta no bolso dos brasileiros Inflação avança e impacta no bolso dos brasileiros

A reunião do Copom para estabelecer o novo patamar da taxa Selic começou nesta terça-feira (14), em um cenário impactado pela guerra, pelo nervosismo do mercado financeiro e pela divulgação de inflação recorde ao redor do mundo. Economistas explicam que os juros mais altos nos Estados Unidos devem impactar, em algum nível, a economia brasileira, causar desaceleração da atividade econômica e prejudicar o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) nacional.

A previsão de alta dos juros básicos nos Estados Unidos em 0,75 ponto percentual deve impactar a economia brasileira e balizar a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central que vai estabelecer a nova taxa Selic, o principal instrumento de controle da inflação. As decisões do comitê brasileiro e do Federal Reserve (FED, o banco central dos Estados Unidos) serão divulgadas no mesmo dia, quarta-feira (15).

Leia também: Guedes diz que situação econômica mundial 'vai se agravar bastante'

"O principal impacto da alta dos juros nos Estados Unidos será nos investimentos. Investidores que estão aqui tendem a correr para lá, que é uma economia mais segura, com basicamente zero risco em aplicações, o que acaba trazendo problemas para países que dependem do dólar. Por isso, o Brasil tem que subir a taxa de juros também, para tentar segurar esses investidores no país", explica o economista Newton Marques.

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Atualmente, a Selic está em 12,75% ao ano, definida em 4 de maio de 2022 pelo comitê, que decidiu subir a taxa de 11,75% para 12,75% — a décima alta consecutiva. Segundo a edição mais recente do boletim Focus, pesquisa semanal com analistas de mercado, a taxa deverá passar de 12,75% para 13,25% ao ano, com alta de 0,5 ponto percentual.

Para Marques, tentar frear a inflação apenas subindo a taxa de juros para controlar o consumo não é o suficiente para a retomada econômica. “Quando a taxa de juros sobe, as pessoas com menos renda são mais impactadas, a partir do momento em se que reduz o consumo, a empresa deixa de vender e demite. Controlar inflação só elevando a Selic traz um custo, é como dar um antibiótico para quem está com problemas de desnutrição. A pessoa pode não morrer, mas vai ficar com sequelas”, diz.

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Desvalorização do real

André Braz, economista do Instituto Brasileiro de Economia da FGV, aponta ainda a preocupação com a desvalorização cambial e com o aumento do desemprego, efeitos colaterais do aumento de juros no médio prazo. “Com o tempo, e com o ambiente de risco melhor lá fora, há uma migração do capital. E, sempre que o real se desvaloriza, passamos a exportar mais, e essa exportação desabastece o mercado brasileiro."

"Quando os juros sobem, a economia cresce pouco porque os juros mais altos estimulam a adiar o consumo. O consumo menor também exige que o mercado produza menos e, com menos produção, menos necessidade de empregos", sinaliza.

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Inflação castiga brasileiros

O ministro da Economia, Paulo Guedes, falou durante o 5º Fórum de Investimentos Brasil 2022 que a economia mundial vai passar por um momento ruim. "É um mar turbulento, e acho que não vai melhorar tão cedo. Acho que vai agravar bastante a situação econômica mundial", disse. A principal razão seria a saída de quase metade da população mundial da pobreza — o que gera uma pressão de consumo e aumento de preços —, além da guerra na Ucrânia.

No Brasil, mais de 90% dos brasileiros mudaram hábitos de consumo por causa da inflação, que chegou a 12,13% no acumulado de 12 meses em abril deste ano.

O dado é do levantamento da Proteste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor). As famílias de baixa renda são as mais prejudicadas. Em primeiro lugar, o corte de gastos está com moradia, energia e luz. Depois, transporte e alimentação, e, na sequência, consumidores cortaram gastos com lazer e cultura.

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