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Produção industrial brasileira fecha 2022 com queda de 0,7%, diz IBGE

Motivado pela alta dos juros e inflação, resultado negativo mantém o setor em patamar 2,2% abaixo do período pré-pandemia

Economia|Do R7

Indústria demonstra comportamento negativo nos últimos anos, avalia IBGE
Indústria demonstra comportamento negativo nos últimos anos, avalia IBGE

A produção industrial brasileira encolheu 0,7% em 2022, segundo dados revelados nesta sexta-feira (3) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A queda reverte o ganho registrado pelo segmento em 2021 (+3,9), quando converteu a perda de 4,5% causada pela pandemia.

Com o resultado negativo, o setor responsável por cerca de 20% do PIB (Produto Interno Bruto) permanece 2,2% abaixo do patamar pré-pandemia e com desempenho 18,5% inferior ao nível recorde, alcançado em maio de 2011.

André Macedo, gerente responsável pela PIM (Pesquisa Industrial Mensal), afirma que o resultado confirma o comportamento predominantemente negativo da indústria nos últimos anos. "Muito do crescimento de 2021 tem relação direta com a queda significativa de 2020, ocasionada por conta do início da pandemia. Avançou em 2021, mas foi influenciada por uma base baixa de comparação e não superou as perdas de 2020", afirma ele.

Macedo explica que o setor industrial respondeu às medidas de incremento da renda realizadas pelo governo federal, mas diminuiu o ritmo nos últimos meses do ano. "Ao longo do segundo semestre, essa resposta perdeu fôlego, e a indústria teve um comportamento de menor intensidade e com maior frequência de resultados negativos.”


O recuo da indústria nacional em 2022 também é explicado por fatores como a taxa de juros em elevação, que afeta diretamente os custos de crédito, além da inflação, principalmente dos alimentos, que impacta a renda das famílias e, por consequência, o consumo.

“Também há influência do aumento nas taxas de inadimplência e de endividamento. E o mercado de trabalho, embora tenha mostrado clara recuperação ao longo do ano, ainda se caracteriza pela precarização dos postos de trabalhos gerados”, analisa Macedo.


Atividade das indústrias extrativas caiu 3,2%, puxada pelo minério de ferro
Atividade das indústrias extrativas caiu 3,2%, puxada pelo minério de ferro

Segmentos

A perda do setor industrial em 2022 atingiu todas as quatro grandes categorias econômicas, além da maioria dos ramos (17 de 26), dos grupos (54 de 79) e dos produtos (62,4% dos 805 pesquisados). “É um perfil disseminado de recuo, que demonstra que a indústria nacional viveu, em 2022, uma retração que atinge diversos grupos e segmentos da produção”, diz Macedo.

A maior influência negativa do ano partiu do setor de indústrias extrativas (-3,2%), puxado pelo minério de ferro. Outros ramos também se destacaram, como produtos de metal (-9%), metalurgia (-5%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-10,7%) e produtos de borracha e de material plástico (-5,7%).


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Por outro lado, entre a minoria das atividades com expansão na produção, a de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis, que registrou alta de 6,6%, exerceu a maior influência positiva. “Trata-se de um setor que manteve comportamento positivo ao longo de 2022, impulsionado, principalmente, por produtos com maior ligação com a mobilidade”, relata o pesquisador.

Dezembro

Somente no mês de dezembro, os dados da PIM mostram que a atividade da indústria registrou variação nula, após cair 0,1% em novembro e avançar 0,3% em outubro do ano passado, quando interrompeu dois meses consecutivos de taxas negativas com queda acumulada de 1,3%.

Na comparação com o mesmo mês de 2021, a produção industrial caiu 1,3%, com resultados negativos em duas das quatro grandes categorias econômicas, 18 dos 26 ramos, 45 dos 79 grupos e 57,8% dos 805 produtos pesquisados. O IBGE ressalta que dezembro de 2022 teve um dia útil a menos (22 dias) do que dezembro de 2021 (23).

Entre as grandes categorias econômicas, a maior foi em bens de consumo duráveis (-5,8%), seguida de bens intermediários (-2,6%). As outras duas, bens de consumo semi e não duráveis (3,1%) e de bens de capital (0,9%), registraram os avanços na comparação interanual.

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