Veja como a eleição presidencial na Argentina afeta a economia brasileira
Definição será no segundo turno, em 19 de novembro, entre Sergio Massa (União pela Pátria) e Javier Milei (Liberdad Avanza)
Economia|Mariana Botta, do R7
Com a notícia de que opróximo presidente da Argentinasó será conhecido após a votação do segundo turno, em 19 de novembro, não faltam especulações sobre quais podem ser os impactos da vitória de um ou outro candidato para a economia do Brasil. Isso porque, além da proximidade geográfica e de fazer parte do Mercosul, o país vizinho é o terceiro principal destino das exportações brasileiras.
O primeiro e o segundo maiores parceiros comerciais do Brasil são, atualmente, a China, que compra mais de 30% dos produtos brasileiros, e os Estados Unidos, que importam mais de 10% da produção nacional.
Nos primeiros nove meses deste ano, 5,4% do total das exportações do Brasil foram para a Argentina, somando US$ 13,6 bilhões. Na avaliação de economistas, pode haver alguma diminuição nesse volume, o que depende do novo modelo econômico que o futuro presidente adotar.
A disputa será entre Sergio Massa (União pela Pátria) e Javier Milei (Liberdad Avanza). Quem sair vencedor nas urnas terá de buscar uma solução para a pior crise econômica do país em 30 anos.
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O ministro da Fazenda do Brasil, Fernando Haddad, disse, na manhã desta segunda-feira (23), que está acompanhando as eleições da nação vizinha "com interesse", mas por causa do Mercosul. "Eu sou integracionista, gosto de pensar numa América do Sul mais integrada, negociando com a União Europeia de forma mais forte", afirmou.
Ele contou que está em andamento a negociação de um acordo com o bloco de países europeus. "Então, [a eleição] tem implicações muito grandes, com essa questão da integração. Não é uma coisa isolada, uma coisa assim em que cada um cuida de si. A gente tem que pensar o todo, para ver a forma mais adequada de fazer a região voltar a se desenvolver."
Volume de negócios
Apesar de ser o terceiro maior comprador, responsável por 5,4% do total das exportações do país, a Argentina teve uma diminuição em sua participação nas vendas do Brasil.
O volume de negócios entre os dois países já foi maior: caiu 15% em dez anos, de acordo com informações do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), pois atingiu US$ 18 bilhões em 2012 e, em 2022, registrou US$ 15,3 bilhões.
"As exportações para a Argentina são de produtos de maior valor agregado, de manufaturas, maquinário, diferentemente dos outros dois maiores mercados, que compram commodities. Por isso ela é um parceiro importante", diz o economista e advogado Alessandro Azzoni.
Ele afirma que, apesar de a crise naquele país piorar ano a ano, o mercado brasileiro não foi afetado. "A nossa situação econômica está mais estável, e a Argentina está como o Brasil era no fim dos anos 1980. A pobreza aumentou muito, a inflação está fora de controle, agora acima de 130% ao ano. O peso, a moeda nacional, está desvalorizado, e o Banco Central emitiu mais moeda para pagar as contas públicas, o que é uma medida absurda", avalia.
"Esse quadro afastou o Brasil da Argentina, tanto que o FMI (Fundo Monetário Internacional) fez uma projeção, divulgada há alguns dias, de que até o fim deste ano o Brasil vai ser a nona economia do mundo. O impacto da eleição presidencial argentina na economia brasileira deve ser mínimo", completa Azzoni.
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Fábio Giambiagi, pesquisador associado do FGV-Ibre (Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas), também diz que a eleição presidencial no país vizinho não vai causar um grande impacto no Brasil.
"As consequências serão menores do que 20 anos atrás, porque as relações [entre os países] diminuíram com o tempo, e a Argentina se tornou um parceiro menor, por causa de todos os problemas que vem enfrentando. Antes, a China respondia por 1% das exportações brasileiras, hoje compra 30% de tudo o que é vendido no exterior, a situação toda mudou", explica.
Para ele, as relações diplomáticas com o Brasil podem ficar ameaçadas se Javier Milei (Liberdad Avanza), candidato ultraliberal e antissistema, for eleito. "Ele já questionou publicamente o presidente Lula. Então, pode haver alguma hostilidade, o que vai acentuar a percepção de que o Mercosul tem dificuldades para se consolidar, pois já se passaram quase 40 anos da época em que José Sarney [presidente do Brasil entre 1985 e 1990] e Raúl Alfonsín [presidente da Argentina, entre 1983 e 1989] firmaram os primeiros acordos para essa integração [em 1985]", finalizou.