Um avião comercial e um helicóptero militar colidiram no ar em Washington D.C, capital dos Estados Unidos, na noite de quarta-feira (29). O desastre ocorreu nas proximidades do Aeroporto Nacional Ronald Reagan, a poucos quilômetros da Casa Branca e do Capitólio, em uma área de intenso tráfego aéreo e forte monitoramento.Com equipes de resgate mobilizadas e investigações em andamento, muitas dúvidas surgiram sobre como a colisão foi possível em um espaço aéreo tão controlado.Abaixo, listamos as principais perguntas e respostas sobre o caso. Ainda não se sabe. O secretário de Transportes dos EUA, Sean Duffy, disse em uma entrevista coletiva na manhã desta quinta-feira (30) que não havia nada fora do comum nas rotas do avião e do helicóptero antes da colisão. “As trajetórias de voo do avião e do helicóptero não eram incomuns para o que acontece no espaço aéreo de (Washington) D.C.”, afirmou. A American Airlines, companhia pela qual o avião envolvido no acidente era registrado, informou que está colaborando com as investigações e que o piloto na aeronave era experiente. O capitão do voo estava há seis anos na companhia e o primeiro oficial, há dois anos.O secretário de Defesa, Pete Hegseth, disse que tanto o Exército quanto o Departamento de Defesa iniciaram uma investigação para apurar as causas do acidente. Além disso, o senador Jerry Moran, que lidera uma subcomissão de aviação do Senado, afirmou à agência de notícias Reuters que o Congresso também conduzirá uma investigação para entender o que deu errado.De acordo com relatório interno da agência reguladora de aviação dos EUA, havia menos controladores de voo do que o usual no aeroporto Ronald Reagan no momento da colisão. O quadro de funcionários na torre foi definido como “não normal para o horário do dia e volume de tráfego”, segundo o documento da Administração Federal de Aviação (FAA na sigla em inglês).O mesmo controlador que lidava com o tráfego de helicópteros nas proximidades do aeroporto também estava instruindo aviões que pousavam e decolavam do local —funções normalmente feitas por pessoas diferentes, de acordo com o relatório. A imprensa norte-americana diz que fontes do FBI, a polícia federal dos EUA, afirmaram que não há nada que indique algo criminoso ou terrorista no acidente e, por isso, a hipótese de terrorismo foi descartada.A colisão ocorreu por volta das 21h no horário local (23h em Brasília) desta quarta-feira. Segundo as autoridades, o jato transportava 60 passageiros e quatro tripulantes. O helicóptero tinha três ocupantes a bordo, todos eles militares.A batida aconteceu quando o avião, um Bombardier CRJ700 que havia decolado de Wichita, no Kansas, estava a poucos metros da pista do Aeroporto Nacional Reagan, momentos antes de pousar. O helicóptero, um Sikorsky UH-60 Black Hawk, fazia um voo de treinamento no momento do acidente.Antes da colisão, os controladores de tráfego aéreo tentaram redirecionar o helicóptero militar, com três soldados a bordo, para outro aeroporto. Os destroços das aeronaves caíram no rio Potomac, que margeia o aeroporto. Desde então, equipes realizam buscas nas águas geladas do local. Segundo as autoridades, entre os passageiros do avião estavam diversos patinadores, treinadores e familiares que retornavam de um evento relacionado ao Campeonato de Patinação Artística dos EUA, realizado no Kansas. Ainda não se sabe a identidade de todas as vítimas. Mas o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse nesta quinta-feira que os renomados patinadores russos Evgenia Shishkova e Vadim Naumov, campeões mundiais de patinação artística em duplas em 1994, estavam a bordo. A mídia russa diz que Inna Volyanskaya, outra atleta do país, também estava no voo. No passado, ela chegou a competir como patinadora pela então União Soviética e, atualmente, era treinadora do clube de patinação artística de Washington. Autoridades de Washington disseram na entrevista coletiva desta quinta-feira que não acreditam que haja sobreviventes. Mais tarde, em coletiva na Casa Branca, o presidente Donald Trump confirmou que não há sobreviventes.Equipes de resgate continuam com as buscas por vítimas no rio Potomac, onde destroços das aeronaves caíram. Mais de 300 bombeiros trabalham no local, em uma operação que deve durar dias.O chefe do Corpo de Bombeiros do Distrito de Columbia, John Donnelly, disse durante a entrevista que 27 corpos já foram recuperados entre os passageiros do avião e um entre os três militares que estavam no helicóptero.A investigação principal está em andamento e é liderada pela Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês) e pelo Conselho Nacional de Segurança do Transporte dos EUA. Durante a entrevista coletiva desta quinta-feira, Duffy declarou que duas caixas-pretas foram recuperadas. Ele disse ainda que a FAA pode adotar medidas para modificar as rotas de voo, caso necessário, para melhorar a separação entre aviões civis e aeronaves militares.No ano passado, o Congresso aprovou cinco novos voos de ida e volta para Washington, o que pode aumentar ainda mais o tráfego na região. Com o crescente volume de voos e os desafios de gerenciamento do espaço aéreo, especialistas avaliam que medidas adicionais podem ser necessárias para evitar novos incidentes e garantir a segurança das operações aéreas na capital dos EUA.Washington tem um dos espaços aéreos mais movimentados e rigorosamente controlados do mundo. Isso porque a região abriga edifícios governamentais sensíveis, bases militares e três aeroportos principais. O Aeroporto Nacional Reagan, para onde viajava o jato envolvido no acidente, é o mais próximo da capital e opera sob alta demanda.Cerca de 90% dos voos do aeroporto ocorrem na pista principal: são mais de 800 decolagens e pousos diários, o que a torna a mais movimentada dos Estados Unidos, segundo a agência de notícias Reuters. Mas o trânsito aéreo não é formado apenas por voos comerciais. Helicópteros militares e policiais são muito comuns na região por causa do alto número de instalações do Exército, da Força Aérea e de órgãos de segurança localizados nos arredores da capital. De acordo com um relatório do Escritório de Responsabilidade Governamental dos EUA (GAO) publicado em 2021, cerca de 88.000 voos de helicóptero foram registrados em um raio de 48 km do Aeroporto Nacional Reagan entre 2016 e 2019. Destes, 33.000 foram voos militares e 18.000 foram operações policiais.Apesar das rigorosas regulamentações, houve diversos incidentes envolvendo aeronaves na região que aumentaram as preocupações com a segurança. Em maio de 2024, um jato da American Airlines quase colidiu com um pequeno avião nos arredores do Aeroporto Nacional Reagan. Em abril do mesmo ano, aeronaves da Southwest e da JetBlue também estiveram envolvidas em um incidente de quase colisão.