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Cidadãos argentinos vão às urnas para definir candidatos à presidência neste domingo

As primárias também vão servir para escolher os candidatos às eleições parciais na Câmara de Deputados e no Senado

Internacional|Do R7

Apoiadores do ministro da Economia e pré-candidato à presidência Sergio Massa participam de comício em Buenos Aires
Apoiadores do ministro da Economia e pré-candidato à presidência Sergio Massa participam de comício em Buenos Aires

Os argentinos vão escolher neste domingo (13) seus candidatos à presidência nas primárias, que funcionam como uma prévia das eleições de outubro deste ano. Mais uma vez, um governo peronista vai enfrentar nas urnas a oposição de direita, com uma novidade: um candidato que se posiciona contra todos os outros e diz ser liberal e antissistema. Entenda a importância das primárias na Argentina.

O que esta votação decide?

As primárias são realizadas na Argentina desde 2009. Mas esta é a primeira vez em que os eleitores das coalizões mais importantes, a governista Unión por la Patria (União pela Pátria, peronistas) e a opositora Juntos por el Cambio (Juntos pela Mudança, centro-direita), deverão escolher entre dois nomes, já que nas eleições anteriores disputaram com um candidato único.

No Unión por la Patria, é tido como certo que o ministro da Economia, Sergio Massa, terá a indicação no lugar do líder de movimentos sociais Juan Grabois. "Massa vai ganhar sua eleição interna. Isso é importante para ele, mas não muda nada", avalia o analista político Carlos Fara.

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Mas, no Juntos por el Cambio, os analistas não arriscam fazer uma previsão. O prefeito de Buenos Aires, Horacio Rodríguez Larreta, visto como moderado, e a ex-ministra de Segurança Patricia Bullrich, que defende uma política linha-dura, são os nomes mais cotados.


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"A grande incógnita é quem será escolhido entre Larreta e Bullrich. É uma eleição com final em aberto e esse resultado vai definir o novo cenário eleitoral", afirma o analista político Carlos Fara.

Como terceira força aparece o candidato liberal e de extrema-direita Javier Milei, sem concorrente dentro de seu partido, o Libertad Avanza (Libedade Avança). Ainda assim, será vital para Milei obter uma alta votação e confirmar sua relevância.


As primárias também vão servir para escolher os candidatos às eleições parciais na Câmara de Deputados e no Senado, assim como para a prefeitura da capital e o governo da província de Buenos Aires.

Como afeta a economia?

Os argentinos vão votar em meio a um clima de deterioração econômica, com uma das taxas de inflação mais altas do mundo (115% em um ano) e pobreza que atinge 40% da população.

"A inflação é insustentável, mas não confio em ninguém para resolver um tema econômico desta proporção", diz à AFP Santiago Matos, estudante universitário de 18 anos.

A incerteza política se traduz em nervosismo nos mercados e se reflete na cotação do 'dólar blue', como é chamada a taxa de câmbio informal que esta semana ultrapassou a barreira psicológica dos 600 pesos por dólar, o dobro da oficial.

"Todos somos culpados. Não pode ser que vamos correndo comprar dólares. Os brasileiros, os paraguaios, ninguém usa outra moeda além da própria. Aqui até para orçar uma obra se usa o dólar como referência", comenta Carlos Reyes, eletricista de 66 anos.

A Argentina tem um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) de 44 bilhões de dólares (aproximadamente R$ 160 bilhões, em cotação da época), firmado em 2018 e renegociado em 2021.

Há duas semanas, Massa chegou a um entendimento com o FMI para flexibilizar as metas de acúmulo de reservas internacionais, que a diretoria do organismo ainda deve ratificar. E todos se perguntam o que vai acontecer no dia seguinte à eleição.

"Uma alta votação da oposição, sinal de uma possível mudança de governo, poderia acalmar os mercados. Mas se o peronismo conseguir o primeiro lugar, vai haver uma sacudida forte", avalia Juan Negri, professor de Ciência Política na Universidade Torcuato di Tella.

40 anos de democracia

As primárias deste ano abrem o processo eleitoral que marca os 40 anos desde a volta da democracia no país, o período mais longo da história da Argentina.

E embora a população valorize as liberdades democráticas, demonstra certo ceticismo em relação à capacidade de atender seus problemas cotidianos, segundo pesquisas de opinião.

"Na Argentina, há uma recessão democrática ou desafeição cívica. Há vários anos se acentua o desinteresse pela própria eleição", diz a cientista política Paola Zubán, que antecipa uma participação eleitoral inferior à de quatro anos atrás (76%), apesar de o voto ser obrigatório no país.

"Há falta de entusiasmo. E nas primárias esperamos um voto muito visceral, emocional", afirma Zubán.

Após anos de polarização, que os argentinos chamam de "grieta" (racha), esta eleição será a primeira sem os ex-presidentes Cristina Kirchner e Mauricio Macri, figuras emblemáticas da aliança peronista e da oposição, a aliança Juntos por el Cambio.

"Para mim, as lideranças tradicionais estão esgotadas. Este governo foi ruim e o anterior, também", resume José Consiglio, advogado de 42 anos.

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