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Artista deixa leitões passar fome em exposição, mas ativistas ‘sequestram’ os animais

Instalação artística sobre a indústria suína na Dinamarca termina em mistério após desaparecimento de leitões e aumenta debate sobre ética na arte

Internacional|Do R7

Obra de arte expõe leitões para morrerem de fome e sede Reprodução/tv2kosmopol.dk

Uma instalação artística em Copenhague se tornou o centro de uma controvérsia após o desaparecimento de três leitões que faziam parte da exibição.

De acordo com o The New York Times, a obra, criada pelo artista chileno Marco Evaristti, pretendia provocar reflexão sobre o tratamento de porcos na indústria suína dinamarquesa, mas acabou gerando forte reação de ativistas e autoridades.

O trabalho, intitulado “Agora você se importa?”, foi inaugurado na sexta-feira em um antigo armazém de açougue. No espaço, os leitões estavam confinados entre carrinhos de compras, cercados por palha, e acompanhados de pinturas que retratavam porcos abatidos e a bandeira da Dinamarca.

A proposta de Evaristti incluía deixar os animais sem comida por até cinco dias, enquanto ele mesmo se abstinha de se alimentar e beber água. A intenção, segundo ele, era provocar debate sobre a indústria suína, que movimenta milhões no país.


No entanto, na manhã do sábado, os porcos desapareceram. De acordo com Evaristti, integrantes de uma organização de defesa dos direitos dos animais visitaram a exposição pouco antes do sumiço. “Eles entraram, observaram os leitões e depois saíram. Pouco tempo depois, os animais não estavam mais lá”, afirmou. A polícia local investiga o caso, mas até o momento ninguém foi responsabilizado.

Repercussão e críticas


O uso de animais em obras de arte é frequentemente alvo de debates. Em outros episódios, Evaristti já causou polêmica ao expor peixes dourados dentro de liquidificadores, permitindo que visitantes decidissem se queriam acioná-los. A nova exposição também dividiu opiniões.

A organização Anima International Denmark afirmou que denunciou o artista às autoridades antes mesmo da inauguração da obra.


“Deixar animais morrerem de fome vai contra a Lei de Bem-Estar Animal da Dinamarca, e queríamos garantir que as autoridades estavam cientes”, declarou Mathias Madsen, representante do grupo.

Para Birgitte Damm, consultora da Proteção de Animais da Dinamarca, a indignação sobre a indústria suína é compreensível, mas o sofrimento dos três leitões não deveria ser usado como ferramenta de protesto.

“A indústria é cruel, mas submeter animais a essa condição para passar uma mensagem também é questionável”, disse.

A Dinamarca tem cerca de 5 mil fazendas de suínos, produzindo cerca de 28 milhões de porcos por ano, dos quais mais de 70% são exportados para países da União Europeia.

Dados da indústria apontam que milhares de leitões morrem diariamente nos estábulos, alguns por desnutrição devido à superprodução imposta às porcas reprodutoras.

Sem os leitões, Evaristti afirmou que a exposição perderia seu impacto e anunciou o encerramento da instalação. “Sem os animais, a ideia se esvazia. Não faz mais sentido continuar”, declarou.

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