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Casamento leva cada vez mais mulheres ao suicídio na Índia

Indianas casadas se matam mais que as divorciadas e as viúvas; fenômeno está relacionado à opressão que elas sofrem no casamento

Internacional|

Jovens noivas indianas se preparam para casamento coletivo em Vadiya. Especialistas afirmam que na Índia as meninas se casam muito novas e não estão preparadas para o casamento nem para a violência que em muitos acontece
Jovens noivas indianas se preparam para casamento coletivo em Vadiya. Especialistas afirmam que na Índia as meninas se casam muito novas e não estão preparadas para o casamento nem para a violência que em muitos acontece Jovens noivas indianas se preparam para casamento coletivo em Vadiya. Especialistas afirmam que na Índia as meninas se casam muito novas e não estão preparadas para o casamento nem para a violência que em muitos acontece (Ajit Solanki/ASSOCIATED PRESS)

O suicídio se tornou a principal causa de morte entre as mulheres abaixo dos 50 anos na Índia, um fenômeno que analistas estão relacionando à opressão que elas sofrem no casamento.

Ao contrário de outros países, as mulheres casadas se matam mais que as divorciadas e as viúvas no gigante asiático, onde o suicídio é a principal causa de morte de mulheres entre os 15 e os 49 anos: só em 2010, foram cerca de 78 mil, segundo o relatório Global Burden of Diseases, Injuries, and Risk Factors 2010 (Ônus Global de Doenças, Lesões e Fatores de Risco).

O estudo, realizado pelo Instituto de Saúde Métrica e Avaliação na Universidade de Washington e publicado recentemente, define as queimaduras como a segunda causa de óbitos. Em terceiro lugar ficam as mortes provocadas pelo parto, que historicamente já foi a principal causa mortis de mulheres jovens indianas, mas que se reduziu nos últimos anos. 

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Para o psicanalista Sudhir Kakar, os dados refletem que "a causa dos suicídios de mulheres jovens é o casamento". "Quando as mulheres se casam, atravessam um período muito duro, já que se mudam para a casa dos sogros, onde têm muito pouco apoio e passam a ocupar o nicho mais baixo", explicou à Agência Efe o psicanalista.

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No país, a maioria dos casamentos é arranjada pelos pais e em muitos casos se mantém a estrutura da família estendida, com várias gerações vivendo sob o mesmo teto com uma hierarquia muito rigorosa.

Ranjana Kumari, diretora do Centro de Pesquisa Social de Nova Déli, afirmou à Efe que "as meninas se casam muito novas e não estão preparadas para o casamento nem para a violência que em muitos acontece".

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Um estudo recente da ONU aponta que 47% das mulheres na Índia têm casamentos arranjados por seus pais quando ainda são menores de idade, o que representa mais de 40% dos casos de casamentos infantis mundiais. "Além disso, não podem partilhar seus problemas com ninguém. Estão sozinhas", disse a ativista, que acredita que "há uma total falta de apoio perante os problemas mentais".

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Kumari também considerou o dote uma das causas que levam uma mulher a se suicidar, diante do assédio que sofrem por parte das famílias para que paguem mais e para evitar arruinar seus pais. Na Índia, as mulheres são obrigadas a pagar ao namorado e a sua família um dote, uma prática proibida por lei, mas que se acentuou com a chegada da modernidade e o consumismo e cada vez se exigem quantias maiores, que podem incluir carros e apartamentos. 

Uma investigação da London School of Hygiene and Tropical Medicine (Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres) publicada na revista médica The Lancet também aponta o casamento como uma das causas de suicídios de mulheres indianas. O relatório afirma que as viúvas e divorciadas são menos propensas a se suicidar na Índia, ao contrário dos países ocidentais, onde as mulheres casadas se suicidam menos.

Os contrastes não acabam aí, já que o estudo afirma que nos países desenvolvidos os homens se suicidam três vezes mais que as mulheres, enquanto na Índia a diferença cai para uma vez e meia a mais. Além disso, na faixa entre 15 e 29 anos, quando acontecem 56% dos suicídios femininos, os números de indivíduos homens e mulheres são semelhantes, o que não acontece em outros países.

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As estimativas de suicídios femininos dos estudos internacionais dão dados superiores aos oficiais indianos, que situam em 64.607 o número de mulheres que se mataram em 2010. A diferença se atribui a que as famílias denunciam em muitos casos os suicídios como acidentes para evitar a vergonha social e porque na Índia a tentativa de suicídio está criminalizada.

A ingestão de pesticidas é o método usado em quase metade dos suicídios na Índia, que tem uma das taxas mais altas de suicídio no mundo, por ser altamente letal. 

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