Cautela do governo dos EUA e denúncias marcam aniversário da Guerra do Iraque
Internacional|Do R7
Elvira Palomo. Washington, 19 mar (EFE).- Organizações de direitos humanos e veteranos contra a guerra pediram nesta terça-feira perante a Casa Branca responsabilidades dos Estados Unidos pelo impacto da intervenção no Iraque, quando se completa o décimo aniversário de uma invasão que praticamente não foi lembrada pelo governo americano. Há cerca de dez anos, o então líder dos EUA, o republicano George W. Bush, anunciou em um breve discurso à nação o início de ataques seletivos contra o Iraque visando a acabar com o regime do presidente Saddam Hussein. Assim começou uma polêmica guerra considerada "ilegal" pelas organizações de direitos humanos e prevista pelo governo e as instituições oficiais americanas, que preferiram manter a discrição na data de hoje. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e o secretário de Defesa, Chuck Hagel, prestaram homenagem em comunicados aos mais de 4 mil militares americanos mortos e os 32 mil feridos durante "uma das guerras mais longas", cujo sacrifício, segundo o líder, deu ao povo iraquiano "a oportunidade de construir seu próprio futuro após muitos anos de dificuldades". O secretário de Defesa lembrou os militares e civis iraquianos que "foram mortos no fogo cruzado" e aqueles que "continuam lutando para assegurar e governar sua nação", enquanto mostrou o desejo dos Estados Unidos de continuar apoiando seus esforços para conseguir uma nação "pacífica, segura, livre e próspera". Para os ativistas, embora as últimas tropas americanas tenham deixado o Iraque em dezembro de 2011, a guerra continua para os que estão sofrendo suas consequências e pedem que os Estados Unidos se responsabilizem por uma invasão que começou com o argumento falso de que Hussein escondia armas de destruição em massa. Em um ato em frente à Casa Branca, as organizações Veterans Against the War, Center for Constitutional Rights, junto com as iraquianas Women's Freedom in Iraq (OWFI) e Federeation of Workers Councils and Union in Iraq, apresentaram a iniciativa "Right to Heal" ("Direito a Curar"), com a qual pretendem conseguir uma indenização por danos. "O governo americano tentou justificar a guerra dizendo que podiam trazer a democracia a nosso país. Em vez disso, trouxeram violência e uma divisão mais sectária", lamentou o iraquiano Yanar Mohammed, presidente e cofundadora da OWFI. A ONG Human Rights Watch (HRW), por sua vez, lamentou que apesar das denúncias de abusos cometidos contra os detidos no Iraque, como espancamentos, simulação de asfixia e choques elétricos nos genitais, não foi feita uma investigação profunda, nem se responsabilizou altos cargos pelos "crimes de guerra" cometidos no país. O ex-secretário de Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, um dos rostos da invasão, junto com o ex-vice-presidente Dick Cheney, também lembrou a data em um discreto mensagem em Twitter no qual assinalou "o difícil trabalho de libertar 25 mil iraquianos" e considerou que "todos os que assumem um papel na história merecem nosso respeito e admiração". A porta-voz do Departamento de Estado, Victoria Nulad, deixou para os historiadores a avaliação sobre a guerra e apesar de assinalou os "avanços vistos" no Iraque na última década, reconheceu e o trabalho que ficou por fazer, em um dia em que uma onda de ataques causou a morte de 50 iraquianos e pelo menos 172 feridos. EFE elv/tr