Vestidas com roupas pretas, um grupo de mulheres percorreu nesta terça-feira (10) o centro de Santiago, capital do Chile, fazendo paradas em locais utilizados como centros de tortura por agentes da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).
Com cartazes que lembravam o golpe de Estado ocorrido no país há 46 anos, as mulheres afirmavam que jamais perdoariam ou se esqueceriam o movimento que depôs o então presidente Salvador Allende em 11 de setembro de 1973.
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"Decidimos fazer uma procissão por seis lugares que foram centros de tortura, sequestro e violência política sexual na ditadura e que atualmente estão absolutamente invisíveis. Alguns inclusive viraram locais comerciais", explicou Beatriz Bataszew, uma das organizadoras do protesto e que foi presa durante o regime de Pinochet.
Memórias ruins
O primeiro local visitado pelas mulheres fica a três quadras do Palácio de la Moneda, sede da presidência do Chile. Hoje uma loja de compra e venda de ouro, na ditadura o espaço era de propriedade da Direção de Inteligência Nacional (Dina), a polícia repressora de Pinochet.
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Já na Praça da Constituição, na parte de trás da sede do governo chileno, a lembrança era do local hoje usado como estacionamento subterrâneo do palácio. Na época da ditadura, a área era um centro de tortura que ficou conhecido como "O Buraco". Ali, entre 1973 e 1974, várias mulheres filiadas ao Partido Socialista sofreram humilhações sexuais.
"Queremos mostrar que estão tornando invisível a memória. Queremos deixar claro que os crimes sexuais cometidos contra as mulheres na ditadura seguem impunes. Por isso fazemos essa manifestação", disse Bataszew, vítima dos abusos cometidos pelos agentes da repressão.
O protesto, realizado na véspera do 46º aniversário do golpe que derrubou o governo de Salvador Allende, terminou em frente do Ministério da Defesa do Chile.
Durante o regime de Pinochet, 3,2 mil pessoas foram mortas por agentes do Estado. Outras 40 mil pessoas foram presas ou torturadas por motivos políticos.