Chinês que divulga a situação na China durante a política de 'Covid zero' recebe ameaças de morte
Perfil ‘Professor Li Não é Seu Professor' posta detalhes e vídeos dos protestos de chineses em oposição às restrições e lockdowns
Internacional|Do R7, com Reuters
Quando os protestos contra as restrições da Covid-19 explodiram na China no final de novembro, um chinês de 30 anos, a partir de seu apartamento no norte da Itália, se tornou um dos mais importantes divulgadores de informações sobre o drama no país asiático, usando o Twitter.
O perfil de Li é o ‘Professor Li Não é Seu Professor’ e viralizou ao repostar detalhes e vídeos dos protestos de cidadãos chineses em oposição às restrições e lockdowns do governo para conter a pandemia.
“A razão pela qual eu não posso parar é porque esse perfil se tornou um símbolo da busca da liberdade de expressão pelo povo chinês. Representa as coisas que precisamos saber, e as coisas que queremos saber. Representa nosso direito de poder saber. Representa nosso desejo de falar e de nos expressar. Sinto que é meu dever.”
De seu apartamento no norte da Itália Li usa redes privadas virtuais para contornar o Grande Firewall da China e acessar conteúdo crítico e sem censura. Ele diz que, no auge dos protestos, postava a cada poucos minutos.
“No passado, o povo chinês não estava disposto a se expressar por si mesmo, porque sabia que era muito perigoso. Por exemplo, se você digitasse online o nome de alguém, poderia ser interrogado pela polícia. Agora, nós vimos muitas pessoas gritando na frente da polícia. Por um lado, as pessoas descobriram que poderiam se expressar e, por outro lado, todas as queixas que foram suprimidas por tanto tempo também poderiam levar as pessoas a se expressarem. Por as pessoas não estarem dispostas a falar nos últimos 30 anos, muita coisa ficou reprimida. Mas eu acredito que por essa fresta, por essa abertura, mais e mais pessoas vão sair para expressar as suas demandas.”
Os protestos recentes na China são vistos como um ponto de virada para a diminuição das restrições em relação à pandemia. A grande maioria das manifestações se opõe às medidas ‘Covid zero’ com um número menor pedindo a saída de Xi Jinping ou do Partido Comunista Chinês. As autoridades chinesas permanecem em silêncio sobre os protestos
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“A coisa mais importante não é minha vida, mas a segurança desse perfil. Mesmo se esse perfil não estiver mais seguro ou for deletado ou coisa assim, a consciência das pessoas para falarem, para expressarem a si mesmos, começou. Há muitos blogueiros no Twitter. Todo mundo pode fazer esse tipo de coisa, não só eu. Por isso, estou muito assustado, mas, ao mesmo tempo, não estou com medo.”