Chipre anuncia acordo com eurozona para plano de resgate de 10 bilhões de euros
Segundo maior banco do país será fechado; acordo evita a saída do país da zona do euro
Internacional|Do R7

A Eurozona e Chipre concluíram um acordo no domingo (24) à noite sobre um plano de resgate para ilha, que força a liquidação do segundo banco cipriota e afeta todos os grandes depósitos bancários do país.
"O acordo acaba com a incerteza em Chipre e na zona do euro", afirmou o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, após as complexas negociações.
"O caminho que nos trouxe até aqui foi muito difícil"", completou.
"Evitamos o desastre e a saída do país da zona do euro", afirmou o ministro das Finanças cipriota, Michalis Sarris.
O Banco Central Europeu (BCE) havia ameaçado interromper as medidas para fornecer liquidez aos bancos cipriotas caso um acordo não fosse concluído até segunda-feira.
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O acordo prevê o fechamento e liquidação do Banco Laiki, o segundo maior do país, que se dividirá em um banco bom e um banco ruim. O Banco de Chipre (Bank of Cyprus), o maior do país em volume, permanecerá em funcionamento, em troca de um confisco — que será definido nas próximas semanas pelas autoridades cipriotas e a troika — para os depósitos superiores a 100.000 euros.
Mas, principalmente, o plano não toca nos depósitos inferiores a 100.000 euros, assegurados no Fundo Europeu de Garantias, como estabeleceu um primeiro acordo entre a Eurozona e Chipre anunciado na semana passada.
Mas o acordo deixa muitas pontas soltas: nem os dirigentes europeus nem as autoridades cipriotas especificaram quando os bancos do país serão reabertos. Os bancos agora estão submetidos à lei de restrição de movimento de capitais.
Sarris não anunciou uma data para a reabertura dos bancos do país, prevista inicialmente para terça-feira, após 10 dias de fechamento.
"Temos que encontrar um equilíbrio entre prudência e estabilidade. Vamos decidir o mais rápido possível o dia exato de reabertura dos bancos", disse.
"Estou feliz", declarou o presidente cipriota, Nicos Anastasiadis, na saída do Conselho da Europa.
Ele se reuniu durante várias horas com os presidentes do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, e da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, além da diretora geral do FMI, Christine Lagarde, do presidente do BCE, Mario Draghi, do presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, e com o vice-presidente do bloco europeu, Olli Rehn.
O consenso após as negociações foi aprovado pelos ministros das Finanças da Eurozona.
A ideia inicial de impor uma taxa excepcional aos depósitos bancários provocou revolta na opinião pública e o Parlamento cipriota a rejeitou na terça-feira da semana passada, o que obrigou o governo do país a entrar em uma corrida contra o tempo em busca de outras alternativas.
Chipre se comprometeu com Bruxelas a arrecadar sete bilhões de euros (mais de um terço de seu PIB) em troca do resgate de 10 bilhões de euros concedido pela zona do euro e o FMI, valor que financiará o país durante os próximos três anos.
Diante das ameaças à economia do país, os deputados cipriotas adotaram na noite de sexta-feira as primeiras medidas: reestruturação do setor bancário, criação de um fundo de solidariedade e restrição do movimento de capitais.
Os países da Eurozona queriam uma solução no caso do Chipre para evitar um contágio na Grécia, Espanha e Itália, os países mais afetados do bloco.
Ameaça de greve no setor bancário
Na ilha, onde os bancos permanecem fechados há uma semana, o pânico e a revolta dos correntistas, temerosos de perder suas economias ou fundos de pensões, é cada vez maior.
O sindicato dos bancários do país ameaça fazer uma greve, caso não sejam apresentadas garantias para os fundos de pensões.
Com o acordo, a troika de credores (FMI, BCE e UE) espera desmantelar o hipertrofiado setor financeiro cipriota. Muito expostos ao setor imobiliário e à dívida grega, os bancos cipriotas ofereciam juros muito altos e impostos reduzidos, um grande atrativo para os milionários russos, muitos deles ligados à máfia.
Como resultado, o país tinha um setor bancário seis maior que o tamanho de sua economia. Desde o início das negociações, Chipre tentou limitar o impacto aos grandes correntistas de seus bancos, a maioria não residentes na ilha. O FMI não queria o aumento da dívida do país após o acordo, o que a tornaria insustentável.
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