Como a Costa Rica desmantelou o maior cartel de drogas do país, o ‘Caribe do Sul’
País tem enfrentado um crescimento da violência ligada ao narcotráfico na última década
Internacional|Do R7
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As autoridades da Costa Rica realizaram nesta terça-feira (4) a maior operação policial da história do país para desmantelar o chamado ‘Cartel do Caribe do Sul’, apontado como a principal organização criminosa local e responsável por enviar drogas para os Estados Unidos e a Europa. A ação, batizada de “Traição”, mobilizou cerca de 1.200 agentes e 64 batidas simultâneas em diferentes províncias.
As operações se concentraram em Limón, região caribenha do país, mas também alcançaram Alajuela, Cartago, Puntarenas e San José. Segundo o Escritório de Investigação Judicial (OIJ), foram apreendidos 97 milhões de colones em espécie, bloqueados outros 200 milhões em contas bancárias e confiscados sete casas de luxo, 40 imóveis e 73 veículos e embarcações.
Ao todo, 33 pessoas foram presas. Entre elas estão integrantes da estrutura intermediária e operacional do cartel, que as autoridades descrevem como uma rede transnacional com forte logística marítima e terrestre, envolvida no tráfico internacional de cocaína e maconha, porte ilegal de armas e lavagem de dinheiro.
O grupo era liderado pelos irmãos de sobrenome Picado Grijalba, conhecidos pelos apelidos “Shock” e “Noni”. Ambos foram detidos e aguardam extradição para os Estados Unidos, onde são investigados por tráfico de drogas. “Shock” foi preso em dezembro de 2024, na Inglaterra, em uma ação coordenada entre o OIJ, a Interpol e autoridades britânicas e norte-americanas. Já “Noni” foi capturado meses antes, em agosto, próximo à cidade de Curridabat, na Costa Rica.

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Segundo o diretor interino do OIJ, Michael Soto, o ‘Cartel do Caribe do Sul’ tinha controle sobre boa parte da costa do Pacífico e operava com estrutura semelhante à de grandes organizações internacionais. “Esse grupo possuía todos os componentes de uma organização criminosa transnacional. Era a principal fornecedora de cocaína e maconha distribuída no país”, afirmou Soto.
As investigações começaram em 2021, após o assassinato de oito pessoas em uma fazenda no sul do Caribe. O caso, considerado o ponto de partida da operação “Traição”, revelou conexões entre o massacre e a disputa interna pelo controle do tráfico. Desde então, as autoridades apreenderam 13,7 toneladas de drogas e 68 armas de fogo associadas à organização.
Durante a investigação, a Costa Rica contou com o apoio de forças policiais da Colômbia, Panamá, Espanha, Reino Unido, França e da Agência Antidrogas dos Estados Unidos (DEA). A Procuradoria-Geral destacou que a operação desta terça teve como foco desarticular a base da organização. “A ação busca retirar de circulação os membros de nível médio e inferior dessa estrutura criminosa”, afirmou o procurador-geral Carlo Díaz.
A Costa Rica, historicamente considerada uma das nações mais seguras da América Central, tem enfrentado um crescimento da violência ligada ao narcotráfico. O país encerrou 2024 com uma taxa de homicídios de 16,6 por 100 mil habitantes, mais que o dobro da média global.
As autoridades consideram o desmantelamento do Cartel do Caribe do Sul um marco na repressão ao tráfico de drogas no país. A investigação segue em andamento sob a responsabilidade da Procuradoria Especializada em Crime Organizado e da Seção Especializada do OIJ.
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