Internacional Cresce apelo para que Irã liberte atriz de filme ganhador do Oscar

Cresce apelo para que Irã liberte atriz de filme ganhador do Oscar

Taraneh Alidoosti foi detida por ter expressado apoio aos protestos, não usar véu e ter denunciado a execução de manifestantes

AFP

Resumindo a Notícia

  • Comunidade internacional e amigos de Taraneh Alidoosti pressionam pela libertação da atriz
  • Alidoosti foi presa no último sábado por crimes relacionados aos protestos no Irã
  • Atriz participou do filme ganhador do Oscar de melhor filme estrangeiro 'O Apartamento'
Taraneh Alidoosti já estrelou filme ganhador de Oscar

Taraneh Alidoosti já estrelou filme ganhador de Oscar

Valery Hache/AFP - 25.5.2022

Celebridades e grupos de direitos humanos fizeram apelos neste domingo (18) ao Irã para que seja libertada a atriz e ativista Taraneh Alidoosti, uma das mais reconhecidas do país, detida por ter apoiado as manifestações que sacodem a República Islâmica há três meses.

Alidoosti, de 38 anos, foi presa no sábado (17) por ter expressado apoio nas redes sociais aos protestos, não usar véu e ter denunciado a execução de manifestantes.

Alidoosti foi detida "por ordem da autoridade judicial" após "não fornecer documentação para algumas de suas afirmações" sobre os protestos, informou o site Mizan Online, a agência de informação do Poder Judiciário.

O Irã vive uma onda de protestos desde a morte de Mahsa Amini, de 22 anos, em 16 de setembro. Ela havia sido presa em Teerã pela polícia da moralidade, que a acusou de violar o rígido código de vestimenta para as mulheres da República Islâmica.

O regime iraniano, por sua vez, acusa os Estados Unidos e outros "inimigos" de estarem por trás dos protestos, que estão sendo reprimidos com violência. Desde então, centenas de pessoas morreram, milhares foram detidas e dois homens foram executados.

Entre os detidos há diversas personalidades iranianas, incluindo artistas como Taraneh Alidoosti.

A atriz tem grande projeção internacional pelo trabalho com o aclamado diretor Asghar Farhadi. A produção O Apartamento, na qual atuou, foi premiada com o Oscar de melhor filme estrangeiro em 2017.

Somayeh Mirshamsi, assistente de direção em O Apartamento, assegurou que Alidoosti havia telefonado ao próprio pai para lhe dizer que estava reclusa na prisão de Evin, administrada pelo Ministério de Inteligência em Teerã.

Durante o telefonema, pediu ao pai que lhe levasse medicamentos. A família da atriz está "preocupada" com a saúde dela, escreveu Mirshamsi no Twitter.

'O poder das mulheres'

Alidoosti, um rosto conhecido do cinema iraniano desde a adolescência, também atuou no filme de Saeed Roustayi Leila e Seus Irmãos, apresentado neste ano no Festival de Cannes. Alguns dos coprotagonistas desse filme se reuniram diante da prisão de Evin, informou o jornal iraniano Shargh.

A detenção de Alidoosti também provocou reações nas redes sociais. A também atriz e exilada Golshifteh Farahani publicou uma foto com a amiga no Instagram e chamou-a de "a corajosa atriz do Irã", além de ter exigido sua libertação.

A foto foi compartilhada pelo ex-astro de futebol francês Eric Cantona, com a hashtag "#liberdade".

Por sua vez, o Centro pelos Direitos Humanos do Irã (CHRI, na sigla em inglês), com sede em Nova York, lamentou que "mulheres sejam abordadas e presas no Irã por se recusarem a utilizar o hijab [véu] obrigatório, incluindo atrizes famosas como Taraneh Alidoosti".

"O poder das mulheres aterroriza os dirigentes da República Islâmica", acrescentou.

A Justiça iraniana informou no sábado que "algumas figuras notáveis e celebridades", entre elas Alidoosti, haviam sido interrogadas ou presas por "comentários sem fundamento sobre os eventos recentes e a publicação de material provocativo em apoio aos distúrbios nas ruas".

A última mensagem de Alidoosti nas redes sociais foi publicada em 8 de dezembro, o mesmo dia em que Mohsen Shekari, de 23 anos, foi a primeira pessoa executada por sua relação com os protestos.

"Seu silêncio significa o apoio à opressão e ao opressor", escreveu a atriz no Instagram.

Também circularam imagens dela enquanto fazia compras por Teerã sem usar o véu. Alidoosti se comprometeu a não sair do país e disse que estava disposta a "pagar qualquer preço para defender" os direitos das mulheres.

A conta da atriz no Instagram, com mais de 8 milhões de seguidores, deixou de ser acessível neste domingo.

Segundo a ONG Iran Human Rights, com sede na Noruega, pelo menos 469 pessoas morreram na repressão aos protestos, e pelo menos 14 mil foram detidas, de acordo com a ONU.

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