Irã prende atriz famosa por relação com movimentos de protesto
Taraneh Alidoosti disse que não deixaria o país para lutar pelos direitos da mulheres; ainda não se sabe onde ela está detida
Internacional|Do R7
A famosa atriz iraniana e ativista pelos direitos das mulheres Taraneh Alidoosti foi detida, neste sábado (17), no Irã, por conexão com o movimento de protesto que entrou no quarto mês, informou um meio de comunicação local.
Conhecida por ter atuado em diversos filmes do cineasta Asghar Farhadi, Alidoosti havia manifestado apoio, através do Instagram, às manifestações desencadeadas pela morte de Mahsa Amini, uma iraniana de origem curda de 22 anos, em 16 de setembro, após ser detida em Teerã pela polícia da moralidade.
A prisão da jovem ocorreu por violação do rígido código de vestimenta que o regime impõe às mulheres, incluindo o uso do véu islâmico em público.
"Taraneh Alidoosti foi detida por suas ações recentes, publicando informação e conteúdos falsos, e por incitar o caos", anunciou a agência Tasnim, sem detalhar o lugar da detenção.
Em 8 de dezembro, a atriz de 38 anos havia denunciado a execução de Mohsen Shekari na forca depois que ele havia sido acusado de "guerra contra Deus".
"Qualquer organização internacional que observa este banho de sangue sem reagir representa uma vergonha para a humanidade", escreveu Alidoosti no Instagram.
Em novembro, a atriz prometeu permanecer no país e "pagar o preço" necessário para defender os direitos e deixar de trabalhar para apoiar as famílias das pessoas assassinadas ou presas durante as manifestações.
Taraneh Alidoosti é especialmente conhecida pelo trabalho no longa-metragem de Asghar Farhadi O Apartamento, premiado com o Oscar de melhor filme de língua não inglesa em 2017.
Rosto conhecido do cinema iraniano desde a adolescência, ela também atuou na obra de Saeed Roustayi Leila e Seus Irmãos, apresentada este ano no Festival de Cannes.
Desde meados de setembro, milhares de iranianos e cerca de 40 estrangeiros foram presos e mais de 2.000 pessoas foram denunciadas por relação com as manifestações, segundo as autoridades judiciais. Até o momento, dois homens foram executados por participação nos distúrbios.