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Duques de Sussex: o real significado dos títulos de Harry e Meghan

Para além da pompa e circunstância da forma de tratamento, o que há por trás do título de duque e duquesa, recebidos pelo mais novo casal real?

Internacional|Cristina Charão, do R7

O duque e a duquesa de Sussex em seu primeiro evento oficial
O duque e a duquesa de Sussex em seu primeiro evento oficial

Desde o “sim” da cerimônia do casamento real, realizado no sábado (19), a norte-americana Meghan Markle passou a ser Sua Alteza Real Duquesa de Sussex, título herdado do marido, o príncipe Harry, que havia se tornado ele próprio Sua Alteza Real Duque de Sussex poucas horas antes, por ordem da avó, a rainha Elizabeth II. Foi na condição de duque e duquesa que ambos apareceram no primeiro evento público após o casamento, a abertura das comemorações dos 70 anos do príncipe Charles.

Mas para além da pompa e circunstância da forma de tratamento, o que há por trás do título de duque e duquesa?

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A principal função do título é, de fato, a pompa e circunstância. A concessão de um ducado aos descendentes diretos da rainha da Inglaterra é uma tradição centenária, mas já há muito tempo isto não significa herdar algo além do título.

O título de duque é o mais importante dentro do sistema aristocrático britânico, mas recebe-lo não acrescenta poder político ou riqueza a quem o recebe.


O único duque a ganhar direitos de propriedade sobre o seu ducado é o Duque da Cornualha, título que é dado ao primeiro herdeiro do trono — atualmente, o príncipe Charles. Com o título, o príncipe herdeiro passa também a receber parte dos lucros gerados pela produção agrícola e industrial em terras da Coroa na região, além do dinheiro recebido do pagamento de aluguel de imóveis pertencentes ao ducado.

Esta regra foi estabelecida em 1337, pelo então rei Edward III, como forma de garantir o futuro do herdeiro do trono. O título e as propriedades são repassados ao segundo na linha de sucessão do trono quando o príncipe herdeiro morre ou se torna rei.


Já os filhos de Charles, os príncipes William e Harry, receberam os títulos de duque de Cambridge e Sussex, respectivamente, ao casar, mas não tem nenhum direito de propriedade sobre as terras do ducado.

Ou seja: da importante região ao sul da Inglaterra, que abriga resorts à beira-mar, cidades históricas e paisagens bucólicas, Harry e Meghan herdarão apenas o nome.


Harry, além de duque de Sussex, também se tornou Conde de Dumbarton — uma região na Escócia — e Barão de Kilkeel — cidade na Irlanda do Norte.

Relações públicas

Mas se não significa poder político ou uma fortuna maior, carregar o nome de um pedaço inteiro da Inglaterra e o título mais importante da aristocracia britânica tem um forte apelo de relações públicas.

Para Gëzim Alpion, professor doutor no departamento de política social e sociologia da Universidade de Birmingham, a concessão do título de duque e duquesa aos príncipes que estão na linha de sucessão previne um “problema” causado pela abertura da realeza às “pessoas normais”.

“Isto evita que Meghan seja erroneamente chamada de princesa. O mesmo vale para a duquesa de Cambridge, Kate Middleton”, explica Alpion.

Sendo parte da estratégia de relações públicas da realeza, a concessão do título a pessoas que são a cara e a voz da Coroa Britânica em várias ocasiões também precisa ser bastante cuidadosa e ter algum significado. Ou melhor dizendo: não provocar nenhuma má interpretação.

“A maior preocupação nestes casos é escolher um nome que não tenha más associações, como aconteceu no passado, com membros da família real que se casaram sem consentimento ou outros escândalos”, diz Alpion.

Exatamente por isto, o título de duque e duquesa de Sussex dados a Harry e Meghan tem tudo para fazer sucesso.

O primeiro duque de Sussex antes de Harry foi um questionador das tradições da Coroa. Ele casou-se duas vezes sem o consentimento real e era um defensor da abolição da escravidão e do combate ao tráfico de escravos da África.

Um ducado que, dizem os comentaristas ingleses, casa perfeitamente com a história de uma união que colocou dentro dos palácios da Inglaterra uma afrodescendente e colocou a Coroa Britânica diante do desafio de mostrar uma nova cara.

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