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Empresa israelense influenciou dezenas de eleições, diz investigação

Companhia clandestina de manipulação nas redes coletou dados por anos antes de criar mais de 30 mil perfis falsos

Internacional|Do R7

Eleições sofreram manipulação através de redes
Eleições sofreram manipulação através de redes

Uma empresa clandestina israelense de manipulação eleitoral nas redes sociais foi usada para influenciar dezenas de eleições em todo o mundo, principalmente na África, mas também em outros casos no México e na Espanha — revela um grupo de jornalistas investigativos.

A empresa, sem existência legal, chamada de "Team Jorge" pelos jornalistas, seguindo o pseudônimo de um dos seus responsáveis, Tal Hanan, é composta de ex-membros dos serviços de segurança israelenses, conforme informações reveladas nesta quarta-feira (15) pelo colectivo Forbidden Stories.

Três jornalistas do grupo se fizeram passar por possíveis clientes para coletar informações durante vários meses sobre o "Team Jorge".

A estrutura afirma ter "atuado em 33 campanhas eleitorais em nível presidencial", disse a seus falsos clientes, segundo a Rádio France, onde trabalha um dos repórteres infiltrados.


Das 33 campanhas, relatou outro funcionário ouvido pelos jornalistas, "dois terços delas (ocorreram) na África anglófona e francófona, 27 foram bem-sucedidas".

No México, a empresa teria atuado em favor de Tomás Zerón, ex-funcionário do governo investigado pelo desaparecimento de 43 estudantes em 2014, afirma o site Forbidden Stories.


Zerón, chefe da Agência de Investigação Criminal de 2013 a 2016, é acusado de sequestro, tortura e manipulação de provas, no caso do desaparecimento dos jovens de Ayotzinapa, localidade do estado de Guerrero.

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E, na Espanha, "Team Jorge" teria influenciado o referendo, não reconhecido pelo governo espanhol, organizado pelos separatistas catalães em 2014, ainda conforme o site da Rádio France.

Para suas atividades, a empresa desenvolveu “durante seis anos uma plataforma digital”, a AIMS, que lhe permitia criar inúmeras contas falsas nas redes sociais e, sobretudo, ativá-las e alimentá-las, explica o coletivo.

Desde janeiro de 2023, o sistema explorou 39.213 perfis falsos, “que poderiam ser consultados em uma espécie de catálogo”. Nele, há "avatares de todas as etnias, nacionalidades, gêneros, solteiros, ou casados... Seus rostos são retratos de pessoas reais tirados da Internet, e seus patronímicos, a combinação de milhares de nomes e sobrenomes próprios armazenados em um banco de dados", de acordo com a Rádio France.

"Para demonstrar a eficácia de uma de suas ferramentas, Jorge assumiu o controle dos sistemas de mensagens de várias autoridades africanas de alto escalão. 'Estamos dentro', disse aos jornalistas que viram duas contas do Gmail, um Google Drive e um diretório, assim como uma série de contas do Telegram", relata o Forbidden Stories.

Uma vez infiltrado nos sistemas, Jorge conseguia “se fazer passar pelo dono e trocar com seus contatos”, acrescenta o coletivo.

A empresa também pode lançar operações para pressionar pessoas importantes em processos decisórios, ou jornalistas, em nome de seus clientes.

Forbidden Stories ("Histórias Proibidas", em tradução literal) é uma rede de jornalistas investigativos criada em 2017.

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