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Equador vai às urnas para eleger o novo presidente após assassinato de candidato

Luisa González, a candidata do ex-presidente Rafael Correa, lidera pesquisas; substituto de Villavicencio aparece na segunda posição

Internacional|Do R7, com AFP

Luisa González, Otto Sonnenholzner, Jan Topic, Yaku Pérez e Christian Zurita são os candidatos à Presidência do Equador
Luisa González, Otto Sonnenholzner, Jan Topic, Yaku Pérez e Christian Zurita são os candidatos à Presidência do Equador

Os eleitores do Equador vão às urnas neste domingo (20) para eleger um novo presidente. O país teve o período de campanha eleitoral marcado pelo assassinato do candidato Fernando Villavicencio com tiros na cabeça

A eleição para definir o novo Poder Executivo foi antecipada para acabar com uma crise institucional após o presidente Guillermo Lasso, encurralado por um julgamento político, dissolver o Congresso em maio.

"São eleições completamente atípicas, em uma situação basicamente de horror que o Equador está atravessando pela violência que já estava presente, mas que se manifesta de forma mais aguda e atroz com o assassinato político", declarou à AFP a cientista política Anamaría Correa Crespo, coordenadora de Relações Internacionais na Universidade São Francisco de Quito.

O crime alterou o panorama eleitoral. Luisa González, a candidata do ex-presidente Rafael Correa (2007-2017), é a favorita nas pesquisas, mas sem um índice suficiente nas intenções de voto para evitar o segundo turno.


Atrás de González nas pesquisas aparecem o jornalista Christian Zurita, substituto de Villavicencio na disputa, o empresário de direita Jan Topic, o líder indígena Yaku Pérez e o ex-vice-presidente Otto Sonnenholzner.

Para vencer no primeiro turno, uma candidatura deve receber 40% dos votos válidos, com uma vantagem de 10 pontos sobre o segundo lugar.


Os equatorianos também vão eleger os 137 membros da Assembleia Nacional para completar o atual mandato de quatro anos, que vai até maio de 2025.

Em um país com voto obrigatório, quase 13,4 milhões de 18,3 milhões de equatorianos devem comparecer às urnas no domingo, das 7h até as 17h (9h e 19h de Brasília).


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Pesquisas eleitorais

Luisa González liderava duas pesquisas recentes (com 24% e 24,9%). Uma delas, do instituto Cedatos, mostrava Villavicencio em segundo lugar (12,5%) e Jan Topic em terceiro (12,2%).

Antes de ser morto, Villavicencio ocupava o segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto (12,5%), de acordo com a empresa especializada Cedatos. González também liderava nessa cenário com 24% das inteções de votos.

Luisa Gonzalez lidera as pesquisas eleitorais no Equador
Luisa Gonzalez lidera as pesquisas eleitorais no Equador

Para o analista Blasco Peñaherrera Solah, o "correísmo" pode receber um "castigo" nas urnas. "Vamos ter um voto emotivo", como aconteceu em 1990 na Colômbia, quando o liberal César Gaviria foi eleito depois de substituir Luis Carlos Galán, um ex-jornalista que desafiava o narcotráfico e foi assassinado por criminosos.

Nas últimas posições aparecem o candidato de direita Daniel Noboa e os de centro-direita Xavier Hervas e Bolívar Armijos.

Voto emotivo

O rosto de Villavicencio aparece nas cédulas de votação ao lado de outros sete candidatos, pois os documentos já estavam prontos quando ele foi assassinado.

Pouco antes do crime, o jornalista e ex-congressista havia acusado o líder do grupo criminoso Los Choneros, que está detido e é aliado do cartel mexicano de Sinaloa, de ameaçá-lo de morte.

Rosto de Fernando Villavicencio estará na cédula eleitoral mesmo após o seu assassinato durante a campanha
Rosto de Fernando Villavicencio estará na cédula eleitoral mesmo após o seu assassinato durante a campanha

Ele também havia denunciado parlamentares, incluindo alguns "correístas", ao Ministério Público por suposto envolvimento em um plano para matá-lo.

Após o assassinato, a popularidade de Luisa González foi afetada.

Seu mentor Correa e Villavicencio eram grandes rivais desde que uma das reportagens de Villavicencio e Zurita teve como consequência a condenação à revelia do ex-presidente a oito anos de prisão por corrupção.

"Venceríamos no primeiro turno, mas o assassinato de Villavicencio alterou o tabuleiro eleitoral", admitiu Correa, que mora na Bélgica desde que deixou o poder.

No exílio, ele aponta um "complô político" para acusar o "correísmo" pelo crime e beneficiar a direita "para alcançar o segundo turno, em que todos se unam e nos vençam".

A cientista política Anamaría Correa Crespo não acredita, no entanto, que "o impacto será tão forte a ponto de alterar o fato de que Gonzáles estará no segundo turno", marcado para 15 de outubro.

Assassinados na campanha

Durante a campanha também foram assassinados um prefeito, um candidato a deputado e um dirigente local do "correísmo".

"Estamos vivendo momentos muito duros para nossa democracia", afirma a cientista política, para quem "o avanço do narcotráfico no Equador (...) tem vários anos. Tem sido um fenômeno talvez silencioso, mas que está mostrando seu poder."

O Equador enfrenta um embate do narcotráfico e do crime organizado.

Grupos vinculados aos cartéis mexicanos e colombianos em guerra pelo controle de territórios provocaram massacres em penitenciárias, com mais 430 detentos mortos desde 2021, e um recorde da taxa de homicídios no país, com 26 para cada 100 mil habitantes em 2022, quase o dobro do índice registrado no ano anterior.

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