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Estudante de 13 anos evita o pior em sequestro de ônibus na Itália

Motorista sequestrou ônibus com 51 estudantes a bordo perto de Milão e, ao ser abordado pela polícia, colocou fogo no veículo; ninguém se feriu

Internacional|Fábio Fleury, do R7, com ANSA

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Um adolescente de 13 anos, nascido no Egito, está sendo tratado como herói na Itália por ter ajudado a evitar a morte de dezenas de seus colegas que foram vítimas de um sequestro na última quarta-feira (20).

Ramy Shehata conseguiu esconder seu celular depois que o motorista do ônibus escolar em que ele e outros 50 estudantes viajavam sequestrou o veículo e fez todos os passageiros entregarem seus aparelhos. Disfarçadamente, Ramy avisou a polícia.


O motorista do ônibus, o italiano de origem senegalesa Ousseynou Sy, cometeu o crime em protesto contra as políticas antiimigratórias do governo italiano. Ele tentou furar um bloqueio da polícia, perdeu o controle do veículo e bateu contra uma mureta. Ele então espalhou gasolina pelo ônibus e ateou fogo, mas os policiais conseguiram retirar os estudantes em segurança.

Leia também: Em defesa de imigrantes, prefeitos desafiam Salvini na Itália


O sequestro aconteceu quando os alunos voltavam de uma excursão para uma escola em Crema, a cerca de 50 quilômetros de Milão. Sy mudou a rota no meio do caminho e se dirigiu para o Aeroporto de Linate, em Milão. Tudo aconteceu em cerca de 40 minutos.

Uma estudante que estava no ônibus relatou à polícia que o agressor culpava Salvini e Di Maio pelas mortes de migrantes. "Ele nos ameaçava, dizia que, se nos movêssemos, jogaria gasolina e colocaria fogo. Ficava dizendo que as pessoas na África morrem, e a culpa é de Di Maio e Salvini", contou a jovem.


O agressor tinha antecedentes penais por dirigir embriagado (2007) e assédio sexual contra uma adolescente (2011).

Egípcio e italiano


Nascido na Itália em 2005, Reny ainda não tem direito por lei à cidadania de lá. Pelas leis locais, um filho de imigrante nascido no país só pode obter a cidadania após completar 18 anos. "Pensei somente em meus colegas, queria salvá-los, tentei tranquilizá-los, não importava o que podia acontecer comigo", contou Ramy.

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"Meu filho fez seu dever, seria bonito se obtivesse a cidadania italiana", disse nesta quinta-feira (21) o pai do jovem, Khalid Shehata. "Somos egípcios, chegamos na Itália em 2001, meu filho nasceu aqui, em 2005, mas ainda esperamos um documento oficial. Queremos muito ficar nesse país", acrescentou.

Segundo seu relato, Sy afirmava que "não queria fazer mal" a ninguém, apenas que queria "vingar" sua mulher e suas três filhas, supostamente mortas no Mar Mediterrâneo. "Quando crescer, quero ser policial", disse Ramy à ANSA.

O vice-premier e ministro do Desenvolvimento Econômico da Itália, Luigi Di Maio, propôs conceder cidadania por "mérito especial" ao adolescente e revogar a de Sy, que é italiano desde 2004. "É também graças a ele [Ramy] que se evitou o pior. Seu pai lançou um apelo, pediu que seja reconhecida sua cidadania, e acho que o governo deve acolher esse pedido", declarou Di Maio.

O outro vice-premier da Itália, Matteo Salvini, também ministro do Interior, foi mais cauteloso e afirmou que o caso ainda está sendo analisado. "Devemos agora ler os autos e avaliaremos", ressaltou. A cidadania por méritos especiais deve ser proposta pelo Ministério do Interior, aprovada pelo governo e sancionada pelo presidente da República.

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