Etiópia acusa Eritreia de preparar ofensiva militar em meio à escalada no Mar Vermelho
Governo do primeiro-ministro etíope vem defendendo publicamente o direito de acesso a portos estratégicos na costa eritreia
Internacional|Do R7
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A Etiópia acusou a Eritreia de se preparar para uma ofensiva militar em aliança com um grupo de oposição etíope, em mais um sinal de agravamento das tensões entre os países pelo controle do Mar Vermelho. A denúncia foi feita pelo ministro das Relações Exteriores etíope, Gedion Timothewos, em carta enviada ao secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, na qual alerta que o conluio entre Eritreia e dissidências etíopes se tornou “mais evidente nos últimos meses”.
Segundo o documento, visto pela agência AFP, a Eritreia e uma facção linha-dura da Frente de Libertação do Povo Tigré (TPLF) estariam “financiando, mobilizando e dirigindo grupos armados” na região de Amhara, no norte da Etiópia. Esses grupos incluem milicianos Fano, que travam combates contra o governo etíope. “A facção da TPLF e o governo da Eritreia estão se preparando ativamente para travar uma guerra contra a Etiópia”, diz o texto.
A carta circula nas redes sociais entre apoiadores do governo etíope, mas o Ministério das Relações Exteriores ainda não confirmou sua autenticidade à imprensa local. A Eritreia, por sua vez, não comentou as acusações. O jornal etíope Addis Standard informou que o documento também acusa os dois grupos de apoiar a tentativa de captura da cidade de Woldiya, em Amhara, em setembro, com participação direta de comandantes e combatentes da TPLF.
A Etiópia afirma que a Eritreia busca desestabilizar o país por se sentir ameaçada pela campanha de Adis Abeba para recuperar o acesso ao Mar Vermelho, perdido desde que a Eritreia se tornou independente em 1993. Desde outubro de 2023, o governo do primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, vem defendendo publicamente o direito de acesso a portos estratégicos na costa eritreia, alegando que o país “errou ao ceder o controle” dessas áreas há três décadas.
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As tensões entre os dois vizinhos têm raízes profundas. Etiópia e Eritreia travaram uma guerra entre 1998 e 2000 pelo controle da cidade fronteiriça de Badme, que deixou milhares de mortos. Após chegar ao poder em 2018, Abiy firmou um acordo de paz com o presidente eritreu, Isaias Afwerki, encerrando anos de hostilidade. Desde então, porém, a relação se deteriorou, e o acesso ao Mar Vermelho se tornou o principal ponto de atrito.
Na segunda-feira (6), o presidente do Parlamento etíope, Taye Atske Selassie, disse que o Mar Vermelho e o Rio Nilo são “grandes recursos hídricos, essenciais para a existência do nosso país”. A fala provocou reação imediata do ministro da Informação da Eritreia, Yemane Gebremeskel, que classificou a retórica etíope como “muito grosseira e patética para ser vendida”. Segundo ele, a “obsessão” do governo de Abiy Ahmed com o Mar Vermelho e o Nilo é “bizarra e incompreensível para todos os padrões”.
Enquanto isso, a Etiópia enfrenta uma guerra interna na região de Amhara, onde milicianos Fano, antes aliados do governo contra a TPLF, resistem a planos de desarmamento e afirmam defender o grupo étnico Amhara de abusos do governo. A violência se intensificou nas últimas semanas, com os Fano ampliando suas operações e ameaçando a estabilidade do governo federal.
Perguntas e Respostas
Qual é a acusação feita pela Etiopia contra a Eritreia?
A Etiopia acusou a Eritreia de se preparar para uma ofensiva militar em aliança com um grupo de oposição etíope, indicando um agravamento das tensões entre os países pelo controle do Mar Vermelho. Essa denúncia foi feita pelo ministro das Relações Exteriores etíope, Gedion Timothewos, em uma carta ao secretário-geral da ONU, Antonio Guterres.
O que a carta menciona sobre a colaboração entre Eritreia e grupos armados?
O documento afirma que a Eritreia e uma facção da Frente de Libertação do Povo Tigré (TPLF) estão financiando, mobilizando e dirigindo grupos armados na região de Amhara, no norte da Etiopia, incluindo milicianos Fano que combatem o governo etíope. A carta sugere que a facção da TPLF e o governo da Eritreia estão se preparando para uma guerra contra a Etiopia.
A carta foi confirmada pelo governo etíope?
Ainda não houve confirmação da autenticidade da carta pelo Ministério das Relações Exteriores etíope à imprensa local. A Eritreia não comentou as acusações feitas na carta.
Quais são as alegações sobre a tentativa de captura da cidade de Woldiya?
O jornal etíope Addis Standard informou que a carta também acusa a Eritreia e a TPLF de apoiarem a tentativa de captura da cidade de Woldiya, em Amhara, em setembro, com a participação de comandantes e combatentes da TPLF.
Qual é a posição da Etiopia em relação ao acesso ao Mar Vermelho?
A Etiopia afirma que a Eritreia busca desestabilizar o país por se sentir ameaçada pela campanha de Adis Abeba para recuperar o acesso ao Mar Vermelho, perdido desde a independência da Eritreia em 1993. O governo etíope, liderado pelo primeiro-ministro Abiy Ahmed, defende publicamente o direito de acesso a portos estratégicos na costa eritreia.
Como se desenvolveu a relação entre Etiopia e Eritreia ao longo dos anos?
As tensões entre Etiopia e Eritreia têm raízes profundas, incluindo uma guerra entre 1998 e 2000 pelo controle da cidade de Badme. Após um acordo de paz em 2018, a relação melhorou temporariamente, mas desde então se deteriorou, com o acesso ao Mar Vermelho se tornando um ponto de atrito.
O que foi dito pelo presidente do Parlamento etíope sobre o Mar Vermelho e o Rio Nilo?
O presidente do Parlamento etíope, Taye Atske Selassie, afirmou que o Mar Vermelho e o Rio Nilo são "grandes recursos hídricos, essenciais para a existência do nosso país". Essa declaração gerou uma resposta do ministro da Informação da Eritreia, Yemane Gebremeskel, que criticou a retórica etíope como "grosseira e patética".
Qual é a situação interna da Etiopia na região de Amhara?
A Etiopia enfrenta uma guerra interna na região de Amhara, onde milícias Fano, que antes eram aliadas do governo contra a TPLF, resistem a planos de desarmamento e afirmam defender o grupo étnico Amhara de abusos do governo. A violência na região se intensificou nas últimas semanas, ameaçando a estabilidade do governo federal.
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