Ex-presidente peruano é acusado de receber propinas milionárias
Testemunha do Ministério Púbico do Peru diz que o ex-presidente Ollanta Humala recebeu milhões de dólares para dar obras a grupo de empresários
Internacional|Da EFE
O depoimento de um colaborador do Ministério Público revelou que o ex-presidente do Peru, Ollanta Humala, recebeu entre US$ 16 milhões (cerca de R$ 68 milhões) e US$ 18 milhões (cerca de R$ 77 milhões) em propinas para conceder obras de construção a um grupo de empresas, revelou neste domingo (16) a imprensa peruana.
Humala, que já é investigado por supostamente receber propina da construtora Odebrecht pela concessão do Gasoduto do Sul em 2014, teve como intermediários, segundo esta nova investigação por suas supostas ligações com o "Clube da Construção", seu ex-colega José Paredes e seu irmão Carlos Paredes, que foi seu Ministro de Transportes e Comunicações.
Propinas para autoridades
De acordo com um documento do Ministério Público, publicado pelo jornal "El Comercio", José Paredes informou Humala em 2011 sobre o que ele conversou com o ex-funcionário do Ministério dos Transportes, Carlos García Alcázar, sobre a propina de 3% de cada obra ganha, que as empresas do 'clube' estavam dispostas a entregar para distribuir os projetos.
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A comissão total estimada, de acordo com as obras licitadas, ligada à intermediação de Paredes e García com Humala, variou entre US$ 16 milhões e US$ 18 milhões, informou o documento de investigação tributária.
As entregas de dinheiro para Humala foram feitas à noite em seu escritório do Palácio do Governo, após coordenação por telefone, em pastas que, em algumas ocasiões, ele entregou à sua esposa, de acordo com a versão do colaborador.
O programa dominical "Panorama" anunciou, em suas redes sociais, que o colaborador do MP indicou que José Paredes entregou as propinas recebidas a Humala em seu escritório no Palácio do Governo e que a primeira entrega de US$ 500 mil foi feita em 21 de novembro de 2011.
Em resposta às publicações, o ex-presidente Humala escreveu em seu Twitter que rejeita "qualquer ato de corrupção no Clube da Construção ou em qualquer outra circunstância".
"Um aspirante a colaborador teria admitido que cometeu um crime e agora pretende obter benefícios com informações falsas", completou o ex-mandatário.