Famosa por foto icônica, 'garota napalm' encerra tratamento para queimaduras 50 anos após ataque

Kim Phuc ficou conhecida em fotografia na qual corre em chamas após bombardeio dos Estados Unidos no Vietnã

01/07/2022 - 18h53 (Atualizado em 03/04/2024 - 23h11)

A vietnamita Kim Phuc, de 59 anos, atingida por chamas após um ataque com napalm promovido pelos Estados Unidos no Vietnã, 50 anos atrás, finalizou seu tratamento para cuidar das queimaduras causadas no incidente. Ela ficou conhecida na época pela foto famosa de Nick Ut, que registrou o momento em que ela corria nua em chamas.

Phuc teve 65% do corpo afetado pelo fogo que causou enormes cicatrizes, forçando a vietnamita a cinco décadas de vida para se livrar destas marcas. “Eu ouvi o barulho e de repente tinha fogo para todos os lados ao meu redor, e então vi fogo por todo meu braço”, conta Phuc, segundo a NBC Miami.

Ut, após tirar a foto, correu para salvar a menina. O fotógrafo levou Phuc para um hospital próximo, que recusou tratar a jovem, sugerindo o encaminhamento para uma unidade a duas horas de distância.

O repórter, porém, se negou a aceitar a indicação do hospital e usou suas credenciais de imprensa para ameaçar os funcionários do local e os obrigarem a cuidar de Phuc.

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“Fiquei irritado, peguei meu passe de imprensa, e disse: ‘Sou da mídia. Se ela morrer, minha foto vai para a página da frente de jornais de todo mundo amanhã’. Eles se preocuparam com o que eu disse e levaram ela imediatamente para dentro”, diz Ut.

A foto, posteriormente, ganharia o Prêmio Pulitzer por mostrar os terrores que a guerra pode causar à população civil de um país.

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Segundo Jill Waibel, médico que tratou algumas das cicatrizes de Phuc, grande parte das pessoas com lesões graves como a dela não costumavam sobreviver. As marcas daquele dia, inclusive, continuaram causando anos de dor à vietnamita.

Com tratamentos feitos com laser, Phuc, que atualmente mora em Toronto, no Canadá, pode deixar para trás as cicatrizes físicas de um dos momentos mais marcantes da guerra do Vietnã.

Nas imagens
que fizeram Kim Phuc um símbolo da Guerra do Vietnã, suas queimaduras não são
visíveis — nelas, é possível ver apenas sua agonia enquanto a menina corre em
direção à câmera, os braços abertos, seu corpo nu depois que ela precisou
rasgar as roupas que pegavam fogo.

Mais de 40
anos depois, ela esconde as cicatrizes debaixo de blusas com mangas longas, mas
as lágrimas que vez ou outra rolam por seu rosto desde aquele inesquecível
1972, estas, sim, são impossíveis de se disfarçar.

Junto com o fotógrafo Nick Ut — o homem que fez o
sofrimento de Kim um símbolo da guerra — ela viajou para os Estados Unidos, onde teve, finalmente, uma chance de se
curar completamente, algo que ela achava ser possível apenas depois da morte

A médica Jill Waibel, do Instituto de Laser e Dermatologia de Miami, examinou Kim Phuc antes de dar início ao primeiro de muitos tratamentos aos quais Kim se submeteria a fim de reduzir sua dor e a aparência das cicatrizes de queimadura que ela tem até hoje nas costas e no braço esquerdo

Outra profissional da equipe do instituto, a doutora Jill Waibel, aparece aqui aplicando laser no braço de Kim Phuc. O marido de Kim, Toan Huy Bui, aparece ao lado da coordenadora do hospital, Deborah Lomax.

Por anos a fio, Kim fez diversos tratamentos dolorosos para tentar preservar os movimentos do corpo onde as queimaduras aconteceram, mas até hoje ela não consegue esticar o braço esquerdo tanto quanto o direito

O procedimento cria minúsculos buracos na pele, o que permite que medicamentos à base de colágeno sejam absorvidos até pelos tecidos mais profundos

Nesta imagem, Kim aparece ao lado do fotógrafo que registrou seu momento de agonia durante a Guerra do Vietnã, 40 anos atrás. Nick Ut ganhou o prêmio Pulitzer pela fotografia

— Por tantos anos, eu achei que apenas depois que morresse eu não sentiria mais dor, nem teria mais cicatrizes. Mas agora descobri que o paraíso pode acontecer aqui na Terra!

Kim mostra suas marcas no braço esquerdo, em que fazem qualquer tarefa, até mesmo as mais simples, como carregar sua bolsa, incrivelmente difíceis

Em uma imagem de 1996, Kim observa uma fotografia em que aparece segurando seu filho no colo

Nick Ut, o fotógrafo, relembra como foi seu encontro com a pequena Kim, décadas atrás, naquele momento terrível.

— Ela gritava "Muito quente! Muito quente! Acho que estou morrendo!

Naquele momento, Ut colocou a garota na van de sua agência de notícias, e conta que se impressionou com o fato de que a pele da menina estava caindo sozinha de seu corpo

Aqui, em 1997, Kim abraça seu filho Thomas, na época com três anos, no apartamento da família, em Toronto

Além do fotógrafo Nick Ut, Kim estava acompanhada de seu marido Toan Huy Bui na chegada a Miami, para dar início ao tratamento com séries de aplicações de laser

— Pode ser que todo o tratamento leve um ano, mas estou muito animada e, acima de tudo, muito agradecida

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Nas imagens que fizeram Kim Phuc um símbolo da Guerra do Vietnã, suas queimaduras não são visíveis — nelas, é possível ver apenas sua agonia enquanto a menina corre em direção à câmera, os braços abertos, seu corpo nu depois que ela precisou rasgar as roupas que pegavam fogo. Mais de 40 anos depois, ela esconde as cicatrizes debaixo de blusas com mangas longas, mas as lágrimas que vez ou outra rolam por seu rosto desde aquele inesquecível 1972, estas, sim, são impossíveis de se disfarçar. Junto com o fotógrafo Nick Ut — o homem que fez o sofrimento de Kim um símbolo da guerra — ela viajou para os Estados Unidos, onde teve, finalmente, uma chance de se curar completamente, algo que ela achava ser possível apenas depois da morte