Israel: após eleição acirrada, Gantz e Netanyahu declaram vitória
Os dois candidatos declararam suas vitórias após pesquisas de boca-de-urna apontarem para resultados diferentes; contagem final deve sair na 5ª
Internacional|Da EFE
Os principais candidatos das eleições gerais realizadas em Israel nesta terça-feira (9), o primeiro-ministro do país, Benjamin Netanyahu, e o ex-chefe do Estado-Maior Beni Gantz, consideram que venceram o pleito, tomando como base diferentes pesquisas de boca de urna que mostram como a disputa foi acirrada no país.
A maior parte das pesquisas mostra o partido Azul e Branco, liderado por Gantz, como o mais votado no pleito, com uma vantagem que vai de três a seis cadeiras para o Likud, comandado por Netanyahu. A diferença, no entanto, não garante que o ex-chefe do Estado-Maior terá o controle do Knesset, o parlamento do país.
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"Vencemos. O povo de Israel falou! Graças a milhares de ativistas e mais de um milhão de eleitores há um claro vencedor e um claro perdedor nestas eleições. Bibi (apelido de Netanyahu) prometeu 40 cadeiras e perdeu em grande estilo", disse Gantz após a divulgação das pesquisas de boca de urna realizadas ao longo do dia.
Netanyahu, já calculando que não terá mais votos que seus opositores nas urnas, proclamou que o "bloco da direita", liderado pelo Likud, teve uma "vitória definitiva" nas eleições.
"Agradeço aos cidadãos de Israel pela confiança. Começarei a formar uma coalizão de governo com nossos sócios naturais nesta noite", anunciou o ainda primeiro-ministro no Twitter.
Assim que a apuração começou, Netanyahu entrou em contato com os líderes do Kulanu, Moshe Kahlon, do Israel Nosso Lar, o ex-ministro Avigdor Lieberman, e do Shas, Aryeh Deri, para garantir que eles sugerirão ao presidente de Israel, Reuven Rivlin, também do Likud, que o premiê seja o responsável por formar um novo governo.
As pesquisas, de fato, indicam que o bloco liderado por Netanyahu conquistou mais cadeiras que a possível coalizão do Azul e Branco. O bloco de centro-esquerda liderado por Gantz teria obtido entre 56 e 60 parlamentares. Já a direita pode ter entre 60 e 66 deputados.
Como a votação foi muito apertada, todos ainda esperam a apuração final. Os resultados finais devem ser divulgados por volta das 7h locais de amanhã (1h em Brasília).
Rivlin não precisa encarregar o candidato mais votado da missão de formar um novo governo. O presidente deve escolher o candidato que mais chances tem de formar uma coalizão e que represente melhor o voto da população de Israel.
Com 30 mil votos apurados, o Azul e Branco tinha 30% da preferência do eleitorado contra 24,2% do Likud. Na sequência, estão a União de Partidos de Direita e o Partido Trabalhista, com 8% dos votos cada. A Nova Direita tem 5%, e o Merez 4%. Shas, Zehut, Kulano e Gesher estão abaixo dos 3,25% exigidos para entrar no Knesset.
Desde o encerramento da votação e a divulgação das primeiras pesquisas, os candidatos do Azul e Branco e as equipes de campanha celebram a vitória em um imóvel em Tel Aviv.
Gantz diz que venceu
"Estamos muito felizes. É uma vitória clara. É muito difícil criar uma coalizão em Israel, mas esses resultados provaram que o país expressou muito claramente que não quer Benjamin Netanyahu", disse à Efe um simpatizante de Gantz, Guy Levy.
"Nos sentimos livres. É possível. Temos uma longa noite até os resultados finais, mas, pela primeira vez, podemos sentir um ar de mudança", completou Uri Shapira, integrante da campanha de Gantz.
No primeiro discurso após a votação, Gantz se apresentou como "primeiro-ministro de todos os israelenses", não só nos que votaram nele. E classificou a data como histórica para o país.
"Nossa gente votou pela unidade e rejeitou a divisão", disse o ex-chefe do Estado-Maior, criticando Netanyahu.
Netanyahu também celebra
Na festa do Likud, muito menos agitada do que a do Azul e Branco, Uzi Dayan, um dos candidatos do partido, afirmou que todos estão satisfeitos com os resultados preliminares da eleição.
"A boa notícia é que temos todos os ingredientes para formar um novo governo de coalizão", afirmou Dayan.
A eleição foi marcada por uma alta abstenção nas localidades árabes em Israel, apesar de o governo ter declarado feriado nacional. Algumas regiões chegaram a convocar boicotes ao pleito, mas a participação foi de 71,4%, de acordo com o Comitê Eleitoral Central, número muito similar ao do pleito de 2015.
A ausência dos eleitores árabes pode deixar de fora do Knesset um dos partidos que representam a comunidade, o Ram-Tal.
O incidente mais grave registrado hoje ocorreu em uma seção eleitoral de uma cidade árabe. Observadores e representantes do Likud foram descobertos com câmeras ocultas, o que provocou a intervenção policial no local.
Mais de 1,2 mil equipamentos foram retirados, uma ação classificado pelo Comitê Central Eleitoral como "ilegal".