Javier Milei, segundo mais votado do 1º turno na Argentina, defende dolarização e quer 'dinamitar' BC
Candidato tem acessos de raiva, cultiva imagem de roqueiro e fez campanha com motosserra para simbolizar o corte de gastos
Internacional|Do R7
Javier Milei, o defensor da dolarização da Argentina que disputará a Presidência, é conhecido por seus acessos de raiva, cultiva uma imagem de roqueiro e percorreu o país com uma motosserra para simbolizar cortes nos gastos públicos.
Este economista ultraliberal, que quer "dinamitar" o Banco Central e considera qualquer intervenção do Estado um excesso, ficou em segundo lugar nas eleições deste domingo (22) e enfrentará no segundo turno, em 19 de novembro, o ministro da Economia, Sergio Massa, em meio a uma inflação anual de 140%.
"O Estado é um inimigo", "é preciso explodir o Banco Central", "o peso é a moeda que os políticos argentinos emitem, não pode valer nem excremento": essas são algumas das declarações incendiárias deste líder político de cabelos fartos e cuidadosamente bagunçados.
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Apelidado de “Peruca” por seus fãs, é considerado por eles um messias, após décadas de dificuldades econômicas e reivindicações progressistas que não deram resultado.
A Argentina vive com uma inflação mensal de dois dígitos e uma pobreza que afeta 40% de sua população. A solução de Milei, de 53 anos, é dolarizar a economia, reduzir drasticamente os gastos públicos, eliminar impostos e acabar com a "casta política e corrupta".
O fenômeno Milei começou na televisão em 2015, quando conquistou bons índices de audiência como comentarista, graças a declarações econômicas inflamadas. Depois, seus comentários tomaram as redes sociais e alcançaram os jovens, que viam o discurso como novo e rebelde.
Milei trabalhou no setor privado até 2021, quando ganhou um assento como deputado por Buenos Aires ao integrar a recém-formada coalizão Liberdade Avança. De lá para cá, sacudiu o tabuleiro do bipartidarismo argentino e dominou a agenda midiática com comentários que chocam o status quo.
Nascido em Buenos Aires em 1970, jogava futebol e cantava em uma banda cover dos Rolling Stones quando era jovem.
Estudou economia na Universidade de Belgrano e fez duas pós-graduações em instituições locais. Publicou vários livros e foi acusado de plagiar parágrafos inteiros.
De acordo com a biografia não autorizada Loco, do jornalista Juan Luis González, Milei não reconhece a morte de seu cão Conan e o considera um dos "cinco" cães que o acompanham.
Os outros quatro são clones de Conan que ele mandou fazer nos Estados Unidos. Diz se comunicar com eles, tanto os vivos quanto o morto, graças às supostas lições de uma "médium" especializada em "comunicação interespécies".
Solteiro, sem filhos e com poucos amigos, Milei recentemente levou a atriz e humorista Fátima Flórez, sua nova namorada, para a televisão.