Maduro e Capriles trocam acusações a oito dias das eleições
Internacional|Do R7
Nélida Fernández. Caracas, 6 abr (EFE).- Faltando oito dias para as eleições presidenciais na Venezuela, os principais candidatos, o líder encarregado, Nicolás Maduro, e o líder opositor, Henrique Capriles, trocaram neste sábado novas acusações e se mobilizaram em busca de votos. Maduro foi ao estado do Amazonas, no sul do país, um dos poucos onde o chavismo não conseguiu triunfar nas eleições regionais de dezembro do ano passado, e advertiu seus habitantes indígenas, que representam a maioria da população, que se a oposição conquistar a presidência, eles perderão suas terras. O candidato governista também pediu ao governador do estado, o ex-chavista Liborio Guarulla, para que "retifique" sua posição e se pergunte o que faz "com um burguês racista" que o "despreza", em alusão a Capriles, a quem voltou a chamar de "fariseu" e "farsante". Maduro disse, além disso, que "obviamente" quer começar a governar e anunciou que tomou a decisão, "como presidente interino e presidente certo a partir de 15 de abril", de criar uma "corporação especial para o desenvolvimento integral do Amazonas" que se ocupará de asfaltar as vias do estado e criar um plano de transporte. Mais tarde, Maduro liderou outro ato de massas no estado de Delta Amacuro, onde prometeu que "consolidará" a revolução e disse a seus seguidores que implementará o "plano da pátria" elaborado por Hugo Chávez antes de morrer. "A burguesia diz que nosso povo vai votar contra a revolução porque o candidato não é Chávez", disse o candidato, acrescentando que se o comandante Chávez disse: 'os que querem pátria venham comigo', ele lhes diz: 'os que querem futuro venham com Maduro". O chavismo também se mobilizou em outros lugares com caravanas e encontros de intelectuais, além de um evento que foi transmitido pela rede estatal "Venezolana de Televisión" ("VTV") no qual cidadãos que se identificaram como ex-opositores brindaram seu apoio a Maduro. Capriles, por sua vez, fez discursos em dois atos nos estados ocidentais de Falcon e Táchira nos quais convidou os eleitores a rejeitar os "ligados" como chama os funcionários do governo aos quais acusa de cobiçar o poder e roubar. O candidato opositor pediu aos venezuelanos que vejam o estilo de vida dos que se dizem socialistas, dos que dizem estar governando para o povo. "Vejam como andam, vejam como se vestem, vejam onde viviam e agora onde vivem", disse Capriles no estado Falcon. Após as acusações, o líder opositor e governador do estado de Miranda afirmou que o confronto entre os venezuelanos acabará quando ele ganhar as eleições e cheguar à presidência. "O povo vai deixar de brigar entre si, vai ter um presidente que todos os dias os convidará a trabalhar juntos, a somar, nunca a diminuir", declarou Capriles, que evitou se referir a seu principal rival, Nicolás Maduro, por seu nome, chamando-o apenas de "mentira fresca". Neste sábado, o comando de campanha da oposição que tem o nome de "Simón Bolívar" em homenagem ao herói nacional entrou na paróquia Catia, uma área reconhecida como chavista, para procurar ganhar espaço em locais que estiveram dominados pelo adversário e instalou lá um ponto de propaganda "de alto risco". A conquista de terrenos hostis já tinha sido um tema que na manhã de hoje foi abordada pelos presidentes de institutos de pesquisa que se reuniram em Caracas com jornalistas. Os analistas políticos afirmaram que a campanha eleitoral estava se voltando para a classe média, no caso de Maduro, e para os simpatizantes do discurso chavista, em relação a Capriles. Por isso se observa a oposição adotar símbolos tradicionalmente chavistas como a imagem de Simón Bolívar e ao governo se aproximar à classe média com aproximações a artistas e intelectuais. O presidente do instituto Hinterlaces, Oscar Schemel, afirmou no encontro que os venezuelanos estão cansados da polarização e do confronto que há no país, mas destacou que este cenário pode mudar "porque o grande polarizador era Chávez". EFE nf/id (foto)