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Marte já teve oceanos com praias arenosas há bilhões de anos, diz estudo

Pesquisa revela evidências de antigas linhas costeiras em Utopia Planitia, sugerindo um planeta vermelho mais quente e úmido por milhões de anos

Internacional|Do R7

Imagem mostra como Marte pode ter parecido há 3,6 bilhões de anos, quando um oceano poderia ter coberto um terço do planeta. A estrela laranja indica o local de pouso do rover chinês Zhurong, enquanto a estrela amarela revela onde pousou o rover Perseverance, da Nasa Divulgação/Robert Citron

Marte, hoje um deserto frio e árido, pode ter abrigado oceanos com ondas quebrando em praias arenosas há cerca de 3,6 bilhões de anos. Essa é a conclusão de um estudo baseado em dados coletados pelo rover chinês Zhurong, que operou entre maio de 2021 e maio de 2022 na região de Utopia Planitia, a maior bacia de impacto conhecida no planeta vermelho.

Publicado na última segunda-feira (24) no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences, o trabalho traz novas evidências de que Marte já teve um clima mais quente e úmido, com condições potencialmente favoráveis à vida.

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De acordo com o estudo, o Zhurong, equipado com um radar de penetração no solo, detectou antigas linhas costeiras ao explorar Utopia Planitia, uma vasta planície no hemisfério norte marciano.

O rover pousou perto de cristas que cientistas suspeitavam serem restos de um litoral ancestral. Os dados do radar, que analisou camadas rochosas até 80 metros abaixo da superfície, revelaram estruturas sedimentares inclinadas em até 14,5 graus, semelhantes às praias terrestres, com partículas do tamanho de grãos de areia.


“Estamos encontrando lugares em Marte que costumavam parecer praias antigas e deltas de rios”, disse Benjamin Cardenas, coautor do estudo e professor assistente de geologia na Penn State, em entrevista à CNN. “Há evidências de vento, ondas e muita areia -- uma praia perfeita para férias.”

Um passado aquático em Marte

A pesquisa sugere que o oceano marciano, que pode ter coberto um terço da superfície do planeta, existiu por dezenas de milhões de anos a mais do que se imaginava. Os pesquisadores dizem que as estruturas não se parecem com dunas, crateras ou lava. Na verdade, elas são paralelas ao que seria uma antiga linha costeira.


Michael Manga, coautor do estudo e professor de ciências planetárias da Universidade da Califórnia, diz que mudanças no eixo de rotação de Marte e atividade vulcânica podem ter alterado o relevo, tornando o litoral irregular, com variações de altitude de até 10 quilômetros.

Estudo sugere que mineral formado com água é responsável pela cor vermelha de Marte, o que pode indicar vestígios de um passado habitável Divulgação/NASA

Os dados reforçam hipóteses levantadas desde a década de 1970, quando as missões Mariner 9 e Viking 2, da Nasa, a agência espacial dos Estados Unidos, capturaram imagens de cânions e possíveis linhas costeiras no hemisfério norte. No entanto, até agora, faltavam evidências diretas no solo.


Um ambiente habitável?

As camadas de sedimentos detectadas pelo Zhurong, comparáveis aos depósitos costeiros da Baía de Bengala, na Terra, indicam a presença de um oceano estável por milhões de anos.

Rios teriam despejado sedimentos que, levados pelas ondas, formaram praias e deltas -- como os já estudados pelo rover Perseverance, da Nasa. Após o oceano secar, erupções vulcânicas e tempestades de poeira cobriram as praias, preservando-as por bilhões de anos.

Hai Liu, que participou da missão científica Tianwen-1, que levou o rover Zhurong a Marte, a disse em um comunicado que a descoberta “fortalece o caso de uma Marte habitável no passado”. Resta saber se, bilhões de anos atrás, o planeta vermelho foi realmente um berço de vida.

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